«“Serenata Açoriana”. Aqui o drama mítico de Adão e Eva parece reviver-se na expiação da sua culpa, expulsos de há muito do Paraíso, e adicionando crime sobre crime na sua necessidade de sobrevivência. Mas essa ave morta que o homem depõe aos pés da mulher caída por terra, numa postura dolorosa de miserável servidão, tanto pode significar o “crime” quotidiano da sobrevivência, à luz de uma consciência culposa, como a liberdade perdida nos jogos de amor. E o “paraíso perdido” bem pode situar-se no outro lado do mar, aí onde o pintor reencontra a solidão das Ilhas e a casa paterna, onde, decerto, revive a sua infância.»

(BRONZE, 1969, p. 3)