Em Um romano em Évora, uma estátua sobre um plinto

«Um pequeno núcleo de obras, mais variação do que série, faz uma alusão a ébora, onde a antiguidade, o clássico, a mitologia e a ruína se conjugam com o calor, o verão e a terra, sendo de destacar em várias destas obras o domínio de amarelo. A pintura Um Romano em Évora (1983) (n.º 26) foi apresentada na exposição individual do regresso em 1983 na Galeria 111, juntamente com Está Calor em Évora (1983) (n.25). No ano seguinte, Uma Romana em Évora (1984) (n. 21) era apresentada na Galeria Zen. 

[…]

Em Um Romano em Évora, uma estátua sobre um plinto, sem cabeça e sem antebraço esquerdo, parece ser observada pela figura à direita. Enquanto na escultura (uma divindade? Uma autoridade?) é sugerida uma vestidura, talvez uma tunica manicata, curta e pregueada, a representação humana não apresenta indícios de estar vestida. Este não querer elucidar a identificação das personagens, sobretudo na estátua, desprovida de cabeça, contrasta com o carácter realista e individualizador da retratística escultórica romana. Por outro lado, o sentido da ordem e a afirmação do poder imperial passavam também por uma concepção cenográfica, para a qual as estátuas de imperadores, pessoas ilustres e deuses desempenhavam um papel importante. […] Esta tela […] aparece povoada de libélulas cruciformes, insecto associado ao Verão e às ideias de liberdade e renovação.»

(SARAIVA, 2014, p. 55)


Bibliografia


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