Em Cena Aberta (1940), um desfile de figuras

«Em Cena Aberta (1940), um desfile de figuras em primeiro plano, com um cão sobre uma criança em aflição, que tenta agarrar uma figura feminina, explo­ra uma articulação tensa e sequencial entre as figuras. A figura feminina alimenta com a palma da mão uma ave que se sustenta na sua cabeça. Do que parece ser o interior de uma caixa-de-ponto de teatro, mas que também sugere um teatro de fantoches, duas figuras espreitam esta primeira cena, tendo a feminina um pássaro na cabeça. Atrás surge ainda uma rocha em forma de cabeça, espetada com uma seta, e uma árvore fossilizada, ambas animando a hibridez e antropomorfização do inorgânico, contempladas por uma imóvel figura feminina do lado esquerdo. Os olhares são vagos e sem comunicação, alheados e sem participação, num jogo voyeurista assente na incompreensão e na impotência, análoga ao olhar em abismo […]

As figuras no interior da caixa de cena são um decisivo centro de irradiação da pintura. De costas voltadas para o fundo do quadro, enquanto assistem a uma cena entre nós e elas, estabelecem com um observador um diálogo voyeurista […].»

(DIAS, 2016, p. 75)


Bibliografia


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