«Dacosta retomou a prática da pintura de forma mais sistemática em meados de 1970, com obras de pequenas dimensões que integravam colagens. Muitas destas peças eram paisagens das ilhas açorianas, gravadas na memória do artista e relembradas através de postais ilustrados. Esta profunda ligação à sua terra revela-se imaginada, mítica e saudosa quando a transpõe para o suporte: “Eu quero estar aqui e não quero. Talvez o exílio seja isso, estar longe daquilo de que mais se gosta. Uma espécie de amor impossível”. Em cada uma das pinturas semicirculares, destinadas a decorar as paredes da sua casa de Janville-sur-Juine, evoca o horizonte ilhéu, a meio caminho entre a abstracção de uma realidade e a idealização de uma memória. Na paisagem intitulada Meio-Dia, os raios dourados do sol tingem o céu de tons âmbar e banham um mar e uma terra emocionais, de eternos anseios e recordações.»