Da passagem de António Dacosta pela Escola

«Da passagem de António Dacosta pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa ficou um Auto-retrato com Cigarro, de 1936 ou do ano seguinte, possivel­mente executado nas aulas de modelo vivo. O retrato revela a pose certa de um modo descontraído de estar e fazer que marcou a sua passagem pela Escola, não deixando de ser um dos mais marcantes esforços de auto-representação do pintor — com a ironia de ter um cigarro na boca quando sabemos ter sido esta a faísca que incendiaria anos depois o ateliê de António Pedro onde Dacosta habitava en­tão. É o autorretrato que chegou até nós que melhor caracteriza a fisionomia do pintor, com a sua tez delgada e de pele clara, com o seu cabelo castanho arruivado.

O rigor formal, na síntese polida de uma mancha estruturadora dos vo­lumes, vai ao encontro do modernismo moderado do tempo, não longe do que se verificava nos salões do SPN e que a Escola ainda aceitava. O registo dos volu­mes concebe-se por uma modelação clara, que combina com uma arrumada e segura modelação da mancha, em efeito sintetizador e estilizador que caracteri­zou o modernismo escolar de Dacosta. O referente absorve-se reconhecível nes­ta estilização da pose fixa, que o olhar acentua e que só é atenuado pela ligeira oscilação do cigarro na boca ligeiramente entreaberta.»

(DIAS, 2016, p. 36)


Bibliografia


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