«A ambiência nocturna que envolve todo este cenário, sugere uma inversão dos valores negativos associados à morte e ao sepulcro. A noite reveste os valores tenebrosos com um manto de intimidade, “introduz uma doce necrofilia que trás consigo uma valorização positiva do luto e do túmulo”. Todo o ambiente está mergulhado na tranquilidade do repouso. […]

O quadro sugere o completar do círculo, o regresso a um espaço-tempo primordial caracterizado pela tranquilidade, o repouso e a imobilidade. Esta serenidade permanece, no entanto, envolta numa atmosfera inquietante onde sinais ambíguos traduzem a ameaça latente da separação e do devir, numa clara aproximação ao imaginário metafísico de Chirico.»

(Michele Rocha, in ArteTeoria nº6, 2005, pp. 144-145)