A Sinfonia n.º 6, em Si menor, op. 74, “Patética”, foi composta entre fevereiro e agosto de 1893, e estreada a 28 de outubro, em São Petersburgo, sob a direção do compositor, poucos dias antes da morte deste, a 6 de novembro daquele ano. A ideia de compor uma nova Sinfonia remontava a 1889, quando Tchaikovsky revelou a Konstantin Romanov a vontade de escrever uma sinfonia dedicada ao Czar, que iniciaria em 1891. Os compassos que produziu não eram, no entanto, do seu agrado, tendo destruído o trabalho, num período em que se encontrava psicológica e emocionalmente instável. Mas a confiança para compor a Sinfonia n.º 6 regressaria em 1893, num ímpeto criativo que deixaria Tchaikovsky agradado com o seu labor e com o resultado. Encontramos esta ideia expressa na correspondência com o seu irmão Anatolii, na qual confessa que considera ser a Sinfonia n.º 6 uma das suas melhores obras.
Nesta fase final, Tchaikovsky convoca à sua linguagem sinfónica recursos estilísticos que encontramos noutras mais tardias, como a Sinfonia n.º 5 (1888) ou a ópera Iolanta (1891), entre outras. Neste período, ouvimos na música do compositor temáticas ligadas à fantasia, mas também a exploração de um universo sonoro mais sombrio, vencido e entregue à inevitabilidade do destino, que de resto ganhara força noutras obras, como a Sinfonia n.º 4. Não longe deste universo, a Sinfonia n.º 6 parece apresentar indícios de uma carta de despedida, de um quase testamento, marcada pelos mundos sonoros emocionais e passionais que invoca. O título terá surgido de uma sugestão de Modest, irmão de Tchaikovsky, ao apelidá-la de “Patética”, embora a palavra original em russo não seja exatamente traduzida desta forma, apontando mais para uma ideia de paixão.
A Sinfonia n.º 6 divide-se em quatro andamentos, ainda que com uma organização interna diferente do habitual, em particular o Finale: Adagio lamentoso, que constituiu o quarto e último andamento.
A obra inicia-se com uma introdução em Adagio que enuncia um tema muito emocional. Segue-se um Allegro non troppo, com um primeiro tema apresentado nas violas e o um segundo tema mais lírico. A secção de desenvolvimento é arrebatadora na pujança instrumental, com os metais e percussão a surgirem de forma abrupta e violenta, com alguma inquietação e tensão nas cordas, encontrado depois tranquilidade na coda final.
No segundo andamento, um Allegro con grazia, encontramos um primeiro tema de considerável elegância melódica, que remete para uma valsa e que contrasta depois com uma secção um pouco mais sombria, mas que regressa a um ambiente mais sereno e leve.
O terceiro andamento, Allegro molto vivace, introduz-nos a um mundo sonoro que oscila entre uma aparente estabilidade inicial, ainda que movimentada, e crescendos orquestrais que criam tensões, mesmo quando ouvimos o segundo tema surgir no clarinete.
O andamento final, Adagio lamentoso, é iniciado com um tema partilhado pelos violinos, de forma quase solene, seguindo-se momentos mais dramático depois da apresentação do segundo tema, com um crescendo orquestral no qual os metais e a percussão têm particular destaque. A obra caminha depois para um final pesado e de lamentação, num tom quase fúnebre, que se dissipa lentamente, como uma despedida.