Rachmaninov: Concerto para Piano n.º 2

Orquestra Gulbenkian / Giancarlo Guerrero / Boris Giltburg

O pianista Boris Giltburg e a Orquestra Gulbenkian interpretam o emocionante Concerto para Piano n.º 2 de Sergei Rachmaninov, sob a direção do maestro Giancarlo Guerrero.
Rui Cabral Lopes 11 out 2024 44 min

Caso único entre os compositores russos da sua geração, Sergei Rachmaninov atingiu uma posição proeminente no panorama internacional nas primeiras décadas do século XX, mercê da prolixa atividade criativa como compositor, pianista e diretor musical de instituições como a Sociedade Filarmónica de Moscovo ou a Orquestra Sinfónica de Boston. Para a reputação então firmada contribuiu a obra que inaugura o presente concerto, marco carismático do repertório concertante para piano e orquestra.

Na primavera de 1897, o músico caiu numa depressão profunda, motivada pela receção desastrosa da sua Sinfonia n.º 1, dada a ouvir ao público de São Petersburgo a 28 de março do mesmo ano, pela batuta do afamado Alexander Glazunov, que não estaria nos seus melhores dias, ao que rezam as críticas coevas. Foi o início de um longo hiato, marcado pelo desânimo e pela falta de alento. Em janeiro de 1900, Rachmaninov procurou a ajuda do psiquiatra Nicolai Dahl, o qual era também músico amador. Por sugestão deste último, Rachmaninov empreendeu a composição do Concerto para Piano n.º 2, partitura que se viria a tornar uma das páginas mais populares da literatura concertante de alto virtuosismo.

Uma série de majestosos acordes percorre o teclado, em crescendo, desde o início do primeiro andamento. O primeiro tema é introduzido pelas cordas sobre uma série de protuberantes figurações no piano. Segue-se o segundo tema, breve e nostálgico, nas cordas. A conjugação inventiva do material constituinte destes dois temas é levada a efeito no desenvolvimento. Sobrevém ainda um terceiro componente temático, breve arabesco entoado pelas madeiras, o qual virá a adquirir maior projeção na recapitulação desta forma de sonata regular. Todo o segundo andamento, Adagio sostenuto, é dominado por uma atmosfera de grande lirismo, salientando-se, a par da escrita pianística, os gestos melódicos serenos da flauta e do clarinete. A influência de Franz Liszt parece assomar na secção central, Piú animato, por via dos movimentos escalares e das figurações ornamentais. Os primeiros compassos do andamento final, Allegro scherzando, estabelecem uma referência ao terceiro tema do andamento inicial, o que confirma o seu papel cíclico na conceção global da obra. Em diversas passagens é possível entrever gestos melódicos e harmónicos reminiscentes do Finale do Concerto para Piano n.º 1 de Tchaikovsky. Rachmaninov reserva para o final a força orquestral em toda a sua amplitude, com o apoio dos densos acordes tocados pelo solista.


Intérpretes

  • Maestro
  • Piano

Programa

Sergei Rachmaninov

Concerto para Piano e Orquestra n.º 2, em Dó menor, op. 18
– Moderato
– Adagio sostenuto
– Allegro scherzando

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