Trophea Lusitana

D. Frei António de Gouveia

Edição digital

Acesso aberto

Os Trophea foram escritos em Ormuz, em 1614. António de Gouveia permanecera naquela cidade antes de empreender, no verão de 1613, a sua malograda e última missão na Pérsia.

Foram as «excessivas calmas» de Ormuz que proporcionaram a Gouveia lançar mão «deste exercício», ou seja, divulgar pelo mundo «as obras que os Portugueses fizeraõ na conquista da India». Assim, Gouveia determinou-se a «recopilhar alguãs cousas das mais heroycas que ou nos livros ou na memoria dos homens» achara.

A «dedicatória» ao príncipe de Espanha, Filipe de Áustria, futuro rei, e o discurso «Ao curioso leitor» são dois textos de análise histórica e de arreigado patriotismo, num estilo verdadeiramente revolucionário.

A vibração que se desprende desta obra deve ter contribuído para que Gouveia caísse em desgraça junto de Filipe II e viesse a passar os últimos anos de vida no convento dos carmelitas descalços, em Manzanares de Membrilla, onde, segundo Barbosa Machado, faleceu em 1628. Ficou sepultado na capela-mor da igreja daquele convento, graças ao dispêndio do marquês de Velada, seu amigo, e antigo vice-rei e capitão-general das praças de Orão.

Gouveia, «tão obrigado e afeiçoado às cousas da Índia», não se propunha tratar somente as matérias de consciência, mas também as da honra e da fama. Enumera os feitos dos navegadores, o descobrimento da Índia, as lutas que tornaram a nação portuguesa senhora da maior e melhor parte do Oceano e faz um apelo ao príncipe para que tome em suas mãos a obra de engrandecer o pequeno reino.

[…] Não faz como alguns historiadores que se espraiam em largas digressões, descrevendo reinos e províncias, enchendo grossos volumes, mas vai celebrar os homens nascidos em Portugal, criados em seus regalos, pais e avós e parentes de muitos que naquele tempo viviam e que os podiam imitar derramando o sangue, desprezando as riquezas e lutando pelo aumento da fé e serviço do seu rei. […] Para tanto, Gouveia estabelece o paralelismo com os heróis da Antiguidade e, a partir da mitologia e símbolos clássicos, engendra os seus troféus.

Seguem-se as narrativas dos feitos de mais de setenta heróis e os troféus são atribuídos consoante a semelhança com os dos heróis da Antiguidade.

 

(Do prefácio de José Pereira da Costa)


Ficha técnica

Outras Responsabilidades:

Pref., Leitura e Notas de José Pereira da Costa

Coordenação editorial:
Fundação Calouste Gulbenkian. Serviço de Educação
Editado:
Lisboa, 1995
Atualização em 20 maio 2021

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