3ª ed.

Pedagogia Geral

Johann Friedrich Herbart

Edição digital

Acesso aberto

Profundamente influenciado pela filosofia de Kant, que estudou atentamente, Herbart colocou-se contudo numa posição claramente realista . Foi discípulo de Fichte e de Schiller. Deve ao primeiro o sentido da racionalidade filosófica . Deve ao segundo o sentido da integralidade do homem e da consequente integralidade da sua educação – intelectual, ética e estética. O seu destino dominantemente pedagógico deve relacionar-se com o seu encontro com Pestalozzi, na Suíça. Também a influência de Froebel é fundamental na sua obra. É sobretudo em Pestalozzi que Herbart bebe a sua ideia da importância fulcral da experiência e da circunstância externa na construção da personalidade da criança. São traços nucleares do seu realismo. O mundo exterior à consciência existe e é determinante para o homem e a sua educação. De resto, a própria consciência existe exteriormente ao ato da consciência de si e possui uma estrutura que é tão real como a da natureza ou realidade externa. O real é real. É preciso ter em conta, completamente e sempre, a realidade do real: este o cerne da metafisica herbartiana . Esta postura tanto é válida para o mundo da psicologia como para o mundo da filosofia da natureza.

No que toca à psicologia, a posição metafisica de Herbart radica-o na corrente do associacionismo, na qual encontramos a figura de David Hume, importante para Herbart como, por outros motivos filosóficos, o foi para Kant. A psicologia de Herbart não é, com efeito, aristotélica: a psicologia herbartiana não consiste no estudo da alma. Também não contempla, por conseguinte, no estudo das faculdades da alma, dado não existirem tais faculdades. Só existem as representações, na sua estática e na sua dinâmica (Herbart fala da estática e da mecânica do espírito). A psicologia é algo como uma física do mundo da psique.

A condução, organização e governo desta complexa massa de representações, na sua estática e na sua dinâmica, é que constitui o trabalho educativo do educador. Em grande parte, o educando é construído por ele sobre a sua própria realidade psíquica. O educador é o organizador da personalidade do educando. Organizador intelectual, moral e estético, na esteira do pensamento schilleriano. O eixo intelectual é o correspondente à instrução; o moral e o estético – o axiológico -, o correspondente à formação. Os pilares axiológicos da personalidade bem organizada são, a esta luz: a liberdade interior, a perfeição, a benevolência, o direito e a equidade. Este conservador político que foi Herbart coloca como o pilar dos pilares da formação humana a liberdade interior. É ela a raiz do aperfeiçoamento do homem.

 

(Do antelóquio de Manuel Ferreira Patrício)


Ficha técnica

Outras Responsabilidades:

Antelóquio de Manuel Ferreira Patrício; pref. de Joaquim Ferreira Gomes; trad. de Ludwig Scheidl

Coordenação editorial:
Fundação Calouste Gulbenkian
Editado:
Lisboa, 2014
Dimensões:
215 mm x 135 mm
Capa:
Encadernado
Páginas:
271 p.
Título Original:
Allgemeine Pädagogik
ISBN:
978-972-31-0998-6
Atualização em 07 dezembro 2023

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