Aprendizagem para todos em Angola

15 jan 2018

Os números dizem quase tudo neste projeto sem paralelo na história da Educação em Angola. Cerca de 630 mil alunos do ensino primário vão beneficiar de um programa que aposta na formação contínua de 15 mil professores de todas as províncias do país.

Promover a melhoria de qualidade do ensino e da aprendizagem é a ideia central desta iniciativa criada ao abrigo do fundo Learning for all, do Banco Mundial, gerido pela Fundação Calouste Gulbenkian com o nome “Projeto Aprendizagem para Todos” (PAT). O PAT utiliza o método de formação em cascata, começando pelos formadores de escolas do magistério e terminando em 15 mil professores do ensino primário, que vão abranger cerca de 630 mil alunos em todo o país.

O PAT prevê também a produção de manuais e cadernos para professores, fichas para alunos e kits pedagógicos. Este projeto é executado em parceria com o Ministério da Educação de Angola e conta com o apoio técnico da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Setúbal. Nelson Matias é um dos coordenadores da equipa técnica de apoio ao projeto e considera que o PAT é “um enorme desafio para o Ministério da Educação de Angola, que, pela primeira vez, está a desenvolver um projeto complexo, com várias componentes, incluindo a formação contínua de professores”.

Além da coordenação a vários níveis – geográfico, competências dos formandos e formadores, disciplinares, formação e supervisão da formação –, Nelson Matias relembra a necessidade de realizar ações simultâneas em todas as províncias do país que envolvem deslocação dos formadores e professores. Apesar desta complexidade, o coordenador não tem dúvidas em salientar a “muito boa recetividade e envolvimento de todos os destinatários, permitindo e fomentando aquisições de conhecimentos, trocas de experiências e contactos próximos com as diferentes realidades educativas e profissionais do país”.

Um projeto de capacitação

A formação em serviço dos professores do ensino primário é um dos maiores desafios do país, como refere a diretora do Instituto Nacional de Formação de Quadros do Ministério de Educação de Angola, em depoimento escrito. Luísa Grilo diz que o ensino primário “é o que está pior servido em termos de professores, que têm os perfis desajustados para as funções que exercem, não dispondo muitas vezes de qualquer agregação pedagógica”. Por isso, este projeto responde à maior preocupação do ministério, a capacitação de professores de modo “a que sejam capazes de lecionar o ensino primário da 1.ª à 6.ª classes, com mais capacidade do ponto vista metodológico e científico nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática”, acrescenta a responsável.

A prová-lo está a resposta já recebida do terreno, nas zonas de influência pedagógica (ZIP). Rosa Miguel, umas das coordenadoras ZIP, na zona da Ingombotas (Luanda) diz que “a mudança foi quase automática”. As duas fases de formação permitiram aos professores aprender novas e diferenciadas formas de trabalhar, o que “levou a uma melhoria na sua atuação e no trabalho dos diretores das escolas”. E acrescenta que os professores começaram a aplicar novas metodologias e novas formas de trabalhar, especificando que a avaliação realizada após as formações, mostra a existência de “aulas diferenciadas, desenvolvimento de projetos e trabalho interdisciplinar, algo que não existia antes do PAT”.

O projeto está a correr a bom ritmo e Luísa Grilo aponta duas vantagens na sua aplicação: a correção de deficiências no processo de ensino-aprendizagem e a melhoria da gestão das escolas. Diz Luísa Grilo que “o modelo introduzido vai ajudar os diretores a democratizarem a escola, a envolverem toda a comunidade e a partilhar responsabilidades entre a escola, o meio circundante e principalmente os encarregados de educação”.

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