Mozart, Valsa Popular Chilena, Arr. Alcino Frazão A Viela, Guilherme Pereira da Rosa/Alfredo Marceneiro (Fado Cravo) Soneto Inglês, Alexandre O’Neil/Filipe Teixeira Nenhum de Nós, Marco Oliveira/Miguel Amaral (Fado Alexandrino do Amaral) Por Quem Foi Que me Trocaram, Fernando Pessoa/André Teixeira (Fado Torre) Cor dos Olhos, Domingos Gonçalves Costa/Frederico de Brito (Fado Artilheiro) Meus Olhos, António Botto/Alberto Costa Vidas Trocadas, Fernando Farinha/José Lopes (Fado Lopes) Rosa Tirana, canção popular da Beira Baixa O Tejo Corre no Tejo, Alexandre O’Neil/Carlos Teixeira Graças de Lisboa, António Vilar da Costa/Mário Laginha Fado em Sol, Mário Laginha Quatro Estações, David Mourão Ferreira/Joaquim Campos (Fado Rosita) Um Carnaval, Alexandre O’Neil/Luís Figueiredo Velhinho Fado Menor, Maria Manuel Cid/Popular (Fado Menor)
Miguel Xavier Voz
Miguel Amaral Guitarra Portuguesa
André Teixeira Viola
Filipe Teixeira Contrabaixo
Miguel Amaral Direção Musical
Ricardo Pais Direção Cénica
Rui Simão Desenho de Luz
João Hora Desenho e operação de som
Os Miguéis e os Teixeiras no Jardim
Em tudo o que se disse e escreveu da qualidade intrinsecamente fadista de Miguel Xavier, de 23 anos, não tem sido abordado o projeto musical em que o Miguel Xavier se inscreve – o que surpreende nestes tempos de assalariamento volúvel e temporário. Aquilo que canta Miguel Xavier na sua extraordinária voz e na sua autenticidade deve-se muito ao desprendimento de ambição, respeito pelos vários passados do Fado, etc, mas sobretudo à Direção de Miguel Amaral e à sua qualidade de guitarrista e compositor. Características, aliás, comuns aos outros dois intérpretes (os Teixeiras), também eles, por sinal, compositores. Uma espécie de “família”, tão especial como o Norte do País, de onde provêm.
No Jardim, testaremos o efeito do tendencial hieratismo e performatividade de uma arte que associamos a espaços fechados ou pelo menos mais íntimos. Temos a enquadrar-nos uma paisagem toda nova e Som e Luz desenhados com inesperada elasticidade à medida desta nossa fantasia de sombras e de figurações, uma performatividade humildemente “outra”. A tradicional “cena” tende a delimitar espaços e horizontes. Nesta circunstância, a “direção cénica” assume o Jardim como um privilégio, ao limite infinitamente teatral. O próprio alinhamento musical é por aí que vai. Deixemos os olhos ouvir.
Ricardo Pais
Miguel Xavier
Nasceu em 1995, em Guimarães. A avó paterna decorou-lhe a infância com as referências maiores do Fado e, aos 14 anos, canta pela primeira vez acompanhado “à guitarra e à viola”. Em 2017, apresenta-se a solo na Casa da Música, no ciclo “Novos Valores do Fado” e participa no Festival Caixa Alfama. Desde então, canta diariamente na casa de fados “Mal Cozinhado”, no Porto.
Em 2018, apresenta o seu primeiro álbum no Teatro Nacional de São João, no Porto, num espetáculo com direção musical de Miguel Amaral e direção cénica de Nuno Carinhas, e no Teatro Villaret e no Museu do Fado, em Lisboa.
Miguel Amaral
Nasceu no Porto em 1982. Estudou Piano, Guitarra Portuguesa, Formação Musical Análise, Harmonia e Contraponto, Composição, Improvisação e Estudo da Linguagem do Jazz com grandes nomes da música. Apresenta-se regularmente como solista, inserido em agrupamentos de música de câmara ou orquestra, em Portugal e no estrangeiro.
Lança em 2013 o seu álbum de estreia a solo, “Chuva Oblíqua” e forma, com Mário Laginha e Bernardo Moreira, o Novo Trio Mário Laginha, com o qual grava o disco Terra Seca. Participou na estreia mundial de Folk Songs, de Mário Laginha, na Philharmonie du Luxemburg, com Cristina Branco e Mário Laginha, sob a direção de Peter Rundel. Participa no recital Fado Barroco, sob a direção de Marcos Magalhães, para quem compõe, por encomenda, Luz de Outono, apresentado em 2016 na Fundação Gulbenkian e que resultou numa gravação ao vivo editada pela Naxos.
André Teixeira
Natural do Porto (1976), demarca-se por ser um autodidata. Passou por várias Casas de Fado, na companhia de Samuel Paixão, Álvaro Martins, Eduardo Jorge ou Samuel Cabral. Participou em eventos de fado em Portugal e estrangeiro, realizou espetáculos com Lenita Gentil, Miguel Capucho, Rodrigo Costa Félix, Maria Ana Bobone, Maria Amélia Proença, Anita Guerreiro, Maria da Fé, Carolina e Cuca Roseta, ao lado de grandes nomes da guitarra portuguesa como José Fontes Rocha, Ricardo Rocha, Miguel Amaral, Samuel Cabral, Ângelo Freire, Pedro Amendoeira, Mário Pacheco, Guilherme Banza e Ricardo Parreira.
Em 2018, participou no espetáculo "Em Fio Breve o Coração", com encenação de Nuno Carinhas, direção musical de Miguel Amaral e produção do Teatro Nacional São João.
Filipe Teixeira
Nasceu no Porto. Tocou baixo elétrico numa banda de amigos antes de frequentou a Escola de Jazz do Porto. Conciliou o estudo do contrabaixo clássico (Escola Profissional de Música de Espinho e Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo) com atuações variadas, tocando rock, jazz e clássico. Concluiu o seu percurso académico em 2004 no Royal Welsh College, Pais De Gales, com uma bolsa Erasmus.
Divide a sua atividade entre o ensino e atuações e gravações variadas. Faz parte de projetos como Low Budjet Research Kitchen, Baba Mongol, Espécie de Trio, AP Quarteto, Renato Dias Trio, Baba Mongol, Luis Lapa “Pé de cabra” e Filipe Teixeira Trio. Na área do Fado, tem acompanhando o fadista Miguel Xavier, recentemente editado.
Ricardo Pais
Foi professor da Escola Superior de Cinema de Lisboa e do Curso de Som e Imagem da Universidade Católica do Porto.
Geriu inúmeros projetos culturais, dos quais se distingue o do Teatro Nacional de São João, no Porto, de que foi durante quinze anos, sucessivamente, Diretor e Presidente do Conselho de Administração, bem como, por inerência, Encenador Residente. Nessas funções deve-se-lhe um largo reconhecimento nacional e internacional daquele Teatro e dos espetáculos de sua autoria com que o representou em muitos países.
Estreou-se em Londres em 1972. É casado, pai e avô. Tem 73 anos. Entre criações de raíz, encenações e direções cénicas esta pequena aventura nos Jardins da Fundação Gulbenkian será o seu 56º espetáculo.