As escolhas da curadora: O Gosto pela Arte Islâmica

A curadora Jessica Hallett elege quatro obras-chave entre as cerca de 150 que podem ser vistas na exposição de tesouros islâmicos que ocupa a galeria principal da Sede.
01 ago 2019

Panejamento inteiro para um mahmal de Damasco

O quinto pilar do Islão é o Hajj ou a peregrinação a Meca, um dever religioso que os muçulmanos devem cumprir pelo menos uma vez na vida.

Durante o Hajj, a autoridade do sultão sobre as cidades sagradas de Meca e Medina era simbolizada pelo mahmal, ou palanquim cerimonial, transportado por um camelo que partia do Cairo e de Damasco até à Arábia.

O cortejo do mahmal era um evento importante que atraía entusiásticas multidões; a prática manter-se-ia até inícios do século XX.

Encomendado por volta de 1656, este é um dos mais antigos exemplares ainda existentes.

 

Panorâmica de Constantinopla

Este álbum fotográfico, pertença dos irmãos arménios Abdullah, é invulgar pela sua vista panorâmica de Istambul: tem dois metros de largura e é composto por nove impressões em papel albuminado.

A cena retrata a paisagem urbana e a atividade portuária no Bósforo e no Corno de Ouro na década de 1880, que Calouste Gulbenkian conheceria bem.

A população da cidade excedia os 700 mil habitantes, cerca de metade dos quais eram não muçulmanos, sobretudo de origem grega e arménia ortodoxa e judaica.

Panorâmica de Constantinopla, Turquia, Istambul (pera), 1880-1890. Atenas, Benaki Museum Photographic Archives – Contemporary Greek History © Coleção de Constantinos Tripos

Vaso com tampa

Em 1906-1907 um grupo de refugiados circassianos estabelecidos em Raca, na Síria, fez o chamado «Grande Achado»: grandes vasilhas com peças intactas de cerâmica pintada com reflexo metálico, que foram associadas ao lendário califa Harun al-Rashid (r. 786-809), um dos protagonistas de As Mil e Uma Noites.

A descoberta causou um frenesim no mercado de arte internacional e Calouste Gulbenkian foi provavelmente um dos primeiros colecionadores a adquirir alguns desses objetos, incluindo este vaso.

Vaso com tampa. Síria, Raca, período aiúbida, final do século XII © Museu Calouste Gulbenkian

Farhad a conduzir Shirin e o seu cavalo

Esta pintura da história de amor trágica de Khusraw e Shirin mostra o terceiro herói do poema, Farhad, um homem gigantesco de força sobre-humana, cujo amor altruísta pela princesa arménia Shirin contrasta com o comportamento egoísta do príncipe Khusraw.

De modo a destruir o amor de Farhad, Khusraw ordena-lhe que escave um túnel através do monte Behistun. Antes de se lançar à árdua tarefa, Farhad, que é pedreiro, talha retratos de Shirin e Khusraw na superfície do rochedo.

Shirin viaja para contemplar os relevos, mas tomba de exaustão e Farhad transporta-a às costas, juntamente com o seu cavalo, de regresso ao castelo.

A história termina com Farhad a saltar de um penhasco; Khusraw é assassinado pelo próprio filho e Shirin suicida-se.

Farhad a conduzir Shirin e o seu cavalo, Khamsa [cinco poemas] por Nizami. Copiado por Muhammed Ibn Mulla Mir Al-Hosseini. Pérsia, Shiraz, período safávida, c. 1591 © Museu Calouste Gulbenkian

O Gosto pela Arte Islâmica

No ano em que se comemoram 150 anos do nascimento de Calouste Gulbenkian, esta exposição tenta compreender o crescente fascínio do colecionador e dos seus contemporâneos pelo orientalismo a partir de obras-primas do núcleo de arte islâmica da Coleção do Fundador e de outras importantes coleções internacionais.

Até 7 de outubro na Galeria Principal do Edifício Sede.

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