Ono no Komachi

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de março foi dedicado às histórias de mulheres.
26 mar 2020

Ono no Komachi foi uma das mais conhecidas e respeitadas poetisas japonesas. O seu tema de eleição era o amor e os seus poemas, notadamente melancólicos, contam histórias de paixão e de desgosto amoroso.

Komachi é a única mulher mencionada no Kokin Wakashū (geralmente abreviado como Kokinshū), uma antologia antiga de poesia japonesa na forma de tanka ou waka, concebida pelo imperador Uda e publicada por ordem do seu filho em aproximadamente 905 d. C. Os seis poetas referidos nesta antologia ficaram conhecidos como Rokkasen, ou seis poetas imortais; Komachi é ainda incluída no grupo dos Sanjūrokkasen (36 poetas imortais) e das Nyōbōsanjūrokkasen (36 poetisas imortais).

Embora não se saibam ao certo as datas de nascimento e morte da poetisa, o prefácio do Kokinshū refere que viveu «recentemente», permitindo localizá-la no século IX, durante o período Heian (794-1185). Acredita-se que terá nascido na província de Akita e que, com apenas 13 anos, terá sindo enviada para servir a corte imperial de Kyoto.

As incertezas acerca da sua identidade conduziram ao surgimento de várias lendas em torno da sua figura, que a tornaram ainda mais famosa no Japão. Embora se saiba pouco sobre a sua história, Komachi foi sempre descrita como sendo detentora de uma formosura inigualável, dando nome a um concurso de beleza e sendo retratada em várias peças de teatro Noh, uma forma clássica de dança teatral que nasceu no século XIV. Mais recentemente, inspirou a escrita de um manga e a sua adaptação a um anime.

Kikugawa Eizan (at. 1787-1867), «Ono no Komachi», da série «Seis Poetisas Famosas», séculos XVIII-XIX. Museu Calouste Gulbenkian
Utagawa Toyokuni (at. 1769-1825), «Komachi no templo de Kiyomizee», c. 1790-1795. Museu Calouste Gulbenkian

Ao longo dos tempos, a poetisa foi igualmente protagonista de várias estampas, algumas das quais pertencentes a coleções de importantes museus internacionais, como o British Museum de Londres, o Museum of Fine Arts de Boston ou o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque. No início do século XX, Calouste Gulbenkian adquiriu três exemplares onde Komachi surge retratada, contribuindo para o enriquecimento da sua coleção, mais especificamente do núcleo de arte proveniente do Japão.

Não se sabe o que aconteceu a Komachi no final da sua vida, nem onde estará enterrada. Contudo, a sua importância na cultura japonesa foi tal que existem vários túmulos em sua homenagem por todo o Japão.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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