Egito

A coleção de obras de arte egípcia reunida por Calouste Gulbenkian atesta o enorme fascínio do colecionador em torno desta civilização.
Ana Teresa Santos 28 ago 2020 3 min
Uma Coleção com Histórias

A coleção de obras de arte egípcia reunida por Calouste Gulbenkian atesta o enorme fascínio do colecionador em torno da civilização egípcia. Embora não seja muito vasto, o conjunto que adquiriu é representativo de várias épocas, permitindo acompanhar a evolução da arte no Egito.

O fenómeno da egiptomania ganhou força no final do século XVIII graças a Napoleão Bonaparte e à expedição que fez ao Egito, com o objetivo de conquistar o país. Embora sem êxito no campo militar, esta investida trouxe grandes frutos a nível científico, permitindo a publicação de várias obras sobre a civilização egípcia, que atraíram inúmeros visitantes ao Egito. Algumas importantes descobertas foram feitas no seguimento da ação de Napoleão, incluindo a decifração da escrita egípcia.

Tigela, 305-30 a. C. Brecha. Museu Calouste Gulbenkian
Estatueta do funcionário Bés. Egito, Época Baixa XXVI dinastia (c. 660-610 a. C.). Museu Calouste Gulbenkian

Calouste Gulbenkian adquiriu a sua primeira peça egípcia em 1907. Trata-se de uma tigela de brecha com caneluras de c. 305-30 a. C., cujo material difícil de esculpir lhe confere grande valor. Ao longo dos anos que se seguiram, as compras de obras para este núcleo tornam-se cada vez mais recorrentes e o colecionador teve como intermediário e conselheiro Howard Carter, que ficaria mais tarde conhecido pela descoberta do túmulo de Tutankhamon.

Apesar do seu interesse pelo Egito, Gulbenkian só conheceu o país em 1934 (à altura com 65 anos), quando havia já reunido as peças mais significativas deste conjunto, que hoje se encontram em exposição no Museu Calouste Gulbenkian. 

Calouste Gulbenkian no Vale dos Reis, no Egito, c. 1934. Arquivo do Museu Calouste Gulbenkian

 

A fotografia que o colecionador tirou durante esta viagem, junto da estátua do deus Hórus sob a forma de falcão, daria origem à escultura de Leopoldo de Almeida que se encontra nos jardins da Fundação.

Ainda na década de 1930, 26 das 54 obras da coleção egípcia de Gulbenkian viajaram da residência na Avenue d’Iéna, em Paris, até ao British Museum, em Londres, onde foram apresentadas numa exposição e respetiva publicação, ambas financiadas pelo próprio colecionador. Após a Segunda Guerra Mundial, as obras atravessaram o Atlântico, tendo sido apresentadas na National Gallery of Art de Washington (duas delas foram transferidas para o Brooklyn Museum em Nova Iorque, onde estiveram expostas).

Em 1960, as obras regressaram à Europa, desta vez a Portugal, onde permanecem até hoje. O Museu Calouste Gulbenkian tem 40 objetos de arte egípcia em exposição permanente, entre as quais várias cabeças, estatuetas e baixos-relevos, entre outros.

Série

Uma Coleção com Histórias

Por onde passaram as obras antes de chegarem às mãos de Calouste Gulbenkian? Quem foram os seus autores e os seus protagonistas? Que curiosidades escondem? Descubra nesta série as várias histórias por trás da coleção do Museu.

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