Uma instalação performativa para um solo narrativo que explora a essência nómada da voz humana e a sua possibilidade de enraizar. Entre memória, arte e consciência ecológica, esta performance é o culminar da residência artística de Ana Sofia Paiva no Jardim Gulbenkian ao longo do ano de 2022, em parceria com a Memória Imaterial CRL.
Esta residência consistiu numa investigação intensiva que cruzou ciência, património imaterial, oralidade, vídeo e criação literária, a partir do estudo de um conjunto de árvores da floresta nativa portuguesa. Nesta investigação, Ana Sofia Paiva articulou conhecimento de arqueobotânica e de paleontologia, o imaginário mitológico das árvores e a recolha etnográfica sobre práticas tradicionais atuais e/ou primitivas − de quem com elas [árvores] e a partir delas vive e cria.
Este ensaio performativo para um arborescer põe em diálogo objetos artesanais, matérias naturais recolhidas em campo, experiências em torno do silêncio e da imobilidade e a voz de escritores como Eduarda Chiote, Maria Grabriela Llansol, Fiama Hasse Pais Brandão, Maria Teresa Horta, Daniel Faria, António Ramos Rosa, Emily Dickinson, entre muitos outros.
«Descobri que se, em vez de me concentrar na sombra do corredor, me deitasse de costas a olhar a sombra rutilante, o meu olhar poderia realizar o caminho inverso da luz e pousar no ramo mais alto da árvore e aprender com esta a produzir clorofila — a primeira matéria do poema».
Maria Gabriela Llansol
Criação e interpretação: Ana Sofia Paiva
Colaboração e coautoria: Carlos Augusto, José Barbieri, José Grossinho, Margarida Botelho
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