Prémio de Artes Plásticas União Latina 1996. Ângela Ferreira, Augusto Alves da Silva, Francisco Tropa, Rui Chafes

Prémio Bienal de Artes Plásticas União Latina

Exposição-concurso no âmbito da IV edição do Prémio Bienal da União Latina, criado em 1990, que visava promover e divulgar a arte portuguesa e latina de jovens artistas. Organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, esta edição apresentou-se como um prémio de artes plásticas e consagrou o artista Rui Chafes (1966).
Contest exhibition held during the 4th Latin Union Biennale Award, launched in 1990, which sought to promote and disseminate Portuguese and Latin art by young artists. Organised by the Calouste Gulbenkian Foundation, this visual art award show was dedicated to artist Rui Chafes (1966).

Em 1990, por iniciativa da União Latina, constituiu-se o prémio bienal dedicado à pintura, com o intuito de incentivar e divulgar a arte portuguesa e latina, à data ainda com pouca repercussão lá fora. Nas edições de 1990, 1992 e 1994, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e a Caixa Geral de Depósitos (Culturgest) surgem associadas à iniciativa. A colaboração da FCG consistiu no apoio logístico e na edição de catálogos.

Não foram organizadas exposições para a atribuição dos prémios de 1990 e de 1992. A exposição de 1994 teve lugar na Culturgest e, em 1996, pela primeira vez, a edição do prémio foi organizada nas galerias da FCG. Segundo afirmam os então diretores do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), Jorge Molder e Rui Sanches, no catálogo da exposição do IV Prémio União Latina, o envolvimento da FCG nesta parceria «supõe, para além das diversas formas de apoio prestadas, uma aposta na capacidade d[e] este Prémio se constituir como um projecto consistente e estimulante na cena artística portuguesa» (Prémio de Artes Plásticas…, 1997, p. 9).

Nos seus primeiros anos, o prémio limitara-se a celebrar a área da pintura, tendo sido alargado às artes plásticas a partir de 1997, uma vez que se verificou a necessidade de promover muitos outros artistas, com trabalho em suportes igualmente merecedores de divulgação. Por outro lado, sentiu-se que os mecanismos de seleção poderiam ser ampliados e aperfeiçoados. Para isso, articularam-se as ações de um júri nacional de seleção (incumbido de analisar o panorama artístico português no período a que o prémio se referiria) e de um júri internacional de premiação. Segundo os autores acima mencionados, este sistema teria em conta a experiência adquirida ao longo das referidas edições do Prémio União Latina e também o modelo utilizado por um outro prestigiado concurso: o Turner Prize (criado em 1984 e organizado em Londres).

Assim, na sua quarta edição, o Prémio União Latina apresentou-se como um prémio de artes plásticas, que visou gratificar artistas com idades inferiores a 40 anos, pela obra produzida nos dois anos antecedentes. O Júri de Seleção desta edição, composto pelos críticos Delfim Sardo, Isabel Carlos, João Fernandes, João Miguel Fernandes Jorge e João Pinharanda, deliberou por unanimidade selecionar os seguintes artistas portugueses como finalistas ao prémio: Ângela Ferreira (1958), Augusto Alves da Silva (1963), Francisco Tropa (1968) e Rui Chafes (1966). A título de curiosidade, interessa sublinhar o facto de, uma vez alargado o âmbito do concurso a outras formas de expressão, não figurar entre os candidatos qualquer nome relacionado com a pintura.

A exposição viria a ser organizada e produzida pelo CAMJAP, com o comissariado-geral de Jorge Molder e Rui Sanches, e esteve patente no piso 01 da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, de 18 de fevereiro a 16 março de 1997.

Rui Chafes expôs as esculturas Cristal e As Feridas do Rei; Augusto Alves da Silva mostrou o projeto de recolha fotográfica IST, sobre o Instituto Superior Técnico; Ângela Ferreira apresentou dois trabalhos acompanhados por textos, Portugal dos Pequeninos e Double Sided; e Francisco Tropa expôs a instalação Mexilhões no Baloiço.

No âmbito das atividades paralelas, foram preparadas duas visitas guiadas à exposição.

O catálogo, editado pela União Latina, e a exposição cumpriram assim o objetivo de apresentar as obras dos artistas selecionados, ponto a partir do qual se exerceu o trabalho do Júri de Premiação, constituído pelas professoras e críticas de arte Aurora García (Espanha) e Elisabetta Longari (Itália), pelo crítico de arte Régis Durand (França), por Vicente Todolí (Espanha), então diretor artístico de Serralves, e por Jorge Molder, na sua condição de diretor do CAMJAP.

Poucos dias depois da abertura da exposição, a 20 de fevereiro, o Júri de Premiação encontrar-se-ia numa reunião final para a eleição do artista a gratificar. Concluída a análise, a atribuição do prémio recaiu unanimemente sobre o nome de Rui Chafes. O Júri destacou o «"universo plástico de grande coerência" da obra de Rui Chafes, mas também a "diversidade de propostas" e o "domínio técnico da sua complexa via de investigação"» (Oliveira, Público, 20 fev. 1997). Chafes sucedeu assim a Pedro Calapez (1953), Pedro Proença (1962) e Marta Wengorovius (1963), distinguidos pelos prémios de 1990, 1992 e 1994.

Em edições posteriores, o Prémio de Artes Plásticas da União Latina distinguiria Patrícia Garrido (Culturgest, 1998), João Onofre e Rui Toscano (FCG, 2000), Filipa César (Culturgest, 2002), Bruno Pacheco (FCG, 2004) e André Guedes (Culturgest, 2006). Após um interregno, motivado por falta de verba, o prémio seria retomado em 2011, cumprindo a sua décima edição.

Joana Brito, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Double Sided

Ângela Ferreira (1958-)

Double Sided, Inv. 09E1596

Würzburg Bolton Landing I

Rui Chafes (1966-)

Würzburg Bolton Landing I, Inv. 95E355


Publicações


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 07759

Pasta com o processo de subsídios concedidos pela FCG para a organização da exposição. 1995 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 04322

Pasta com documentação e recortes de imprensa relacionada com atividades do Museu Calouste Gulbenkian. Contém convites, folhetos, correspondência e recortes de imprensa. 1995 – 2008

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 110377

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1997


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2003 / Centro de Arte Moderna, Lisboa

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