Pedro Proença. Antologia, 1989 – 1993

Exposição de Pedro Proença (1962) organizada pela União Latina em parceria com o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. A exposição partiu da atribuição a Pedro Proença do Prémio de Pintura Portuguesa União Latina e contou com o alto patrocínio de várias instituições do Estado Português.
Exhibition on Pedro Proença (1962) organised by the Latin Union in partnership with the José de Azeredo Perdigão Modern Art Centre. The exhibition followed Pedro Proença’s winning the Latin Union Portuguese Painting Award, under the patronage of several institutions of the Portuguese state.

Exposição de trabalhos do artista Pedro Proença (1962), organizada pela União Latina em colaboração com o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. A exposição foi inaugurada a 21 de março de 1994, ficando patente na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 01) até 8 de maio desse ano. Contou com o alto patrocínio do presidente da República Portuguesa, do ministro dos Negócios Estrangeiros, do ministro do Comércio e do Turismo e da Secretaria de Estado da Cultura.

A realização da exposição partiu da atribuição a Pedro Proença do Prémio de Pintura Portuguesa União Latina de 1992, votada por unanimidade por um júri internacional constituído por José Sommer Ribeiro e J. M. Fernandes Jorge (representantes de Portugal), Régis Durand (representante de França), Victòria Combalia Dexeus (de Espanha) e Damián Bayón (da Argentina). Para a atribuição do prémio, foram convidados a concorrer 54 artistas portugueses com idade inferior a 40 anos, tendo participado 18 pintores, que apresentaram o seu portefólio ao júri.

A União Latina é uma organização intergovernamental que reúne 35 países da Europa e do continente americano. Com sede em Paris, apresenta uma vocação linguística, científica, técnica e cultural, cujo intuito é promover as diferentes culturas dos povos latinos, respeitando a identidade cultural de cada um. No seu âmbito cultural, a União Latina criou um prémio bienal de pintura portuguesa, que, contando com o apoio de uma fundação ou empresa, divulgava internacionalmente a produção artística nacional. O Prémio de Pintura Portuguesa União Latina foi instituído em 1990, ano em que foi atribuído a Pedro Calapez.

A atribuição deste prémio foi fundamental para a consagração e internacionalização da carreira de Pedro Proença, levando-o a expor o seu trabalho em Paris e em Roma, onde apresentou uma exposição no Palazzo Ruspoli, integrada no Observatório do Romaeuropa Festival de 1993.

Distante das vanguardas históricas, assim como das correntes de denúncia e crítica social, a obra de Proença passa pela realização de frisos decorativos que retomam a arte clássica, transmitida por uma linguagem que, apesar de constituída por estruturas complexas, não perde a leveza decorativa. Sobre o conjunto de referências que remetem para a Antiguidade Clássica, com vasos ou torsos musculados e despidos, Philippe Rossillon, secretário-geral da União Latina, lembra o seu envolvimento em humor e ironia «tipicamente romana e depois românica, que se vai prolongando, de tempos a tempos, por artistas ou escritores, até aos nossos dias» (Pedro Proença. «Antologia», 1989-1993, 1994).

A contemporaneidade não fica, no entanto, ausente do conjunto apresentado, no qual se consegue perceber a influência dos graffiti e da banda desenhada, assim como, citando Cristina Azevedo Tavares, das «novas vozes da arte dos anos 80» (Tavares, Colóquio/Artes, abr.-jun. 1994, p. 66).

No texto do catálogo, que dedica ao professor Artur Nobre de Gusmão, Bernardo Pinto de Almeida caracteriza a obra de Pedro Proença aludindo a dois aspetos essenciais: vocação enciclopédica – presente através de um conjunto de referências que Proença vai buscar à história da arte e que apresenta num jogo de ocultações e disfarces – e melancolia latente. Sobre esta, Pinto de Almeida diz que a obra de Proença se baseia na celebração do luto da ideia de possibilidade de «reconstruir a grande narrativa, do que resulta uma espécie de fragmentação ou de pulverização em detalhes daquilo que permanece como memória do tempo e do espaço plástico do maneirismo histórico» (Pedro Proença. «Antologia», 1989-1993, 1994).

Conjugação de valores opostos, que convivem contradizendo-se de forma dramática, a obra de Pedro Proença vive, de modo humanista, entre o vazio da informação e a consciência profunda da cultura, surgindo, para o criador, do conceito italiano de sprezzatura, que consiste na capacidade de fazer algo sem esforço, ou, pelo menos, sem o aparentar.

Através da utilização de materiais frágeis e efémeros, como o papel de cenário, e com o mínimo de meios, usando, por exemplo, tinta nanquim, Pedro Proença regista uma memória da história da arte que se vai perdendo, dirigindo esta mensagem a um número ínfimo de observadores que «igualmente vivem o drama da perda de uma dimensão humanística da arte e do conhecimento», e fazendo lembrar, continua Pinto de Almeida, aquelas «personagens de Fahrenheit 451, que decoravam os livros antes d[e] estes serem queimados, para preservar, sem esperança, a memória de um saber em vias de desaparecimento» (ibid.).

O espaço museográfico é descrito e elogiado por Cristina Azevedo Tavares na revista Colóquio/Artes: «Uma instalação notável composta por estruturas arquitectónicas de madeira, pintadas a vermelho ou amarelo, percorriam em arcarias falsas, trompe l'œil perspéctico e esquadrias desniveladas, todas as salas da exposição, estruturas sobre as quais corriam os rolos imensos de papel pormenorizadamente desenhados.» (Tavares, Colóquio/Artes, abr.-jun. 1994, p. 66)

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

sem título da série "Canzone"

Pedro Proença (1962)

sem título da série "Canzone", 1989 / Inv. 90DP1389

Sempre os Mesmos e as Mesmas

Pedro Proença (1962)

Sempre os Mesmos e as Mesmas, 1991 / Inv. 91DP1625

sem título da série "Canzone"

Pedro Proença (1962)

sem título da série "Canzone", 1989 / Inv. 90DP1389

Sempre os Mesmos e as Mesmas

Pedro Proença (1962)

Sempre os Mesmos e as Mesmas, 1991 / Inv. 91DP1625


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00853

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém uma proposta de aquisição de trabalhos a Pedro Proença assinada por Jorge Molder, autorizada por Pedro Tamen, administrador da FCG. 1995 – 1995

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00431

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência externa, dossiê de imprensa relativo à atribuição do Prémio de Pintura Portuguesa União Latina 1994 (Marta Wengorovius), formulários de empréstimo, material para o catálogo e material associado ao Prémio de Pintura Portuguesa União Latina 1990 (Pedro Calapez), onde se encontra um conjunto de recortes de imprensa. 1989 – 1995

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 116061

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 1994


Exposições Relacionadas

Dessins. Pedro Proença

Dessins. Pedro Proença

1998 / Centre Culturel Calouste Gulbenbenkian; Fondation Calouste Gulbenkian – Delégation en France, Paris

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