A «III Exposição Nacional de Gravura» assinala os 25 anos da existência da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. Além desta, a Gravura propôs também a realização de mais três exposições, inseridas nas celebrações dos seus 25 anos: uma com artistas estrangeiros convidados, outra dos artistas fundadores da cooperativa e ainda uma individual, do artista Arthur Piza (1928-2017), reunindo um total de 310 obras expostas. Paralelamente a estas mostras, a Gravura iria produzir um «carimbo de primeiro dia de circulação», em colaboração com os CTT, para assinalar a data de inauguração da exposição e a comemoração dos seus 25 anos de existência.

Para a concretização das duas primeiras exposições, a Gravura pediu apoio financeiro e cedência de espaço à Fundação Calouste Gulbenkian (Ofício de Gil Teixeira Lopes para José de Azeredo Perdigão, 24 mar. 1981). Ambos os pedidos foram concedidos (Carta da direção da Gravura enviada à FCG, 24 mar. 1981, Arquivos Gulbenkian, SEM 00234).

Assim, no âmbito das comemorações, realizou-se não só a exposição de arte, na Galeria de Exposições Temporárias (piso 01) da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), e o respetivo catálogo, como também uma pequena publicação com o título Imagens e Letras acerca dos Pioneiros da Gravura, 1956-1981, onde se evocam alguns momentos da história da Cooperativa Gravura, figuras relevantes para a sua criação e os primeiros artistas editados, o que conferiu à publicação «um indubitável valor cultural» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 2 dez. 1981, Arquivos Gulbenkian, SBA 2200).

As edições anteriores da «Exposição Nacional de Gravura» realizaram-se, respetivamente, em 1976 e 1979. Na segunda edição (1979), o júri premiou David de Almeida e Sérgio Pinhão com o «prémio de exposição», atribuindo o «prémio de edição» a Lourdes Leite, Matilde Marçal, Maria Gabriel, Nuno Barreto, António Bouça, Luísa Nogueira, Marília Viegas e Emília Nadal.

Na «III Exposição Nacional de Gravura» foram levadas a concurso 165 trabalhos de 50 artistas («Exposição Nacional de Gravura», A Tarde, 19 dez. 1981), dos quais seriam selecionados 40, sendo expostos 123 trabalhos na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG (piso 01). Paralelamente, neste mesmo espaço, David de Almeida e Sérgio Pinhão tiveram exposições individuais, com catálogos independentes. David de Almeida estava igualmente representado na exposição coletiva (com cinco gravuras). A exposição de Sérgio Pinhão integraria, por sua vez, alguns objetos e utensílios peculiares à técnica serigráfica («David de Almeida. Sérgio Pinhão», Expresso, 19 dez. 1981).

Fernando de Azevedo foi o elemento escolhido pela administração para representar a FCG como júri de seleção e premiação da «III Exposição Nacional de Gravura».

Os ecos da imprensa escrita a que a investigação teve acesso são escassos. O Diário Popular entende que «o conjunto das obras expostas é bastante equilibrado, predominando a nova figuração» e assinala a escassez da «representação do abstracionismo» («III Exposição Nacional de Gravura», Diário Popular, 31 dez. 1981). Manuela de Azevedo, no Diário de Notícias, evidencia a maturidade da gravura portuguesa e o facto de se reunir no mesmo espaço da Fundação Calouste Gulbenkian três exposições «em que jovens e consagrados se batem em três frentes simultâneas» e em que o resultado final deverá ser enaltecido como «uma qualidade colectiva de muito apreço» (Azevedo, Diário de Notícias, 20 dez. 1981).

Nesta exposição foram distinguidos com o «prémio de exposição», os artistas Sérgio Pombo e Jorge Pinheiro. Os artistas Ilda Reis, Gabriela Oliveira, Sebastião Resende, Rui Pimentel, José Faria, Sérgio Pombo e Teresa Magalhães receberam o «prémio de edição».

Ana Lúcia Luz, 2018