No seguimento do ciclo de exposições «Fotografia como Arte/Fotografia como Suporte», organizado pelo Centro de Arte Moderna (CAM) com a colaboração do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE), António Conceição Júnior (conservador do Museu Luís de Camões – Leal Senado de Macau) manifestara o seu interesse em apresentar o ciclo em Macau, o qual constituiria, nas suas palavras, «um desvendar, para a população local, sobretudo para aquela que se dedica à fotografia, de outras linguagens, perceptivelmente mais herméticas do que o olhar naturalista a que estamos habituados» (Ciclo de Fotografia Portuguesa Contemporânea, 1988).

Enquanto no CAM os artistas selecionados tinham exposto o seu trabalho individualmente, na Galeria de Exposições do Leal Senado o ciclo desdobrou-se em dois momentos. Sob o título «Ciclo de Fotografia Portuguesa Contemporânea (Primeira Parte)», foi reunida uma seleção das obras fotográficas de Eduardo Nery (1938-2013), Manuel Magalhães (1945) e Helena Almeida (1934-2018). A individualidade de cada uma destas propostas era salientada pela exposição das obras de cada artista em espaços distintos, ainda que contíguos. A Galeria de Exposições do Leal Senado era constituída por quatro salas, sendo neste caso a primeira, de maiores dimensões, ocupada pelas colagens fotográficas de Eduardo Nery, seguindo-se as imagens intervencionadas do nu feminino de Manuel Magalhães. Por último, o friso de Helena Almeida unificava as duas restantes salas.

Manuel Magalhães foi nomeado por José Sommer Ribeiro para comissário do ciclo, tendo viajado até Macau por ocasião da inauguração desta exposição. No seu relatório dá conta do seguinte: «[…] nos contactos que efectuei quer com os visitantes da exposição quer com os presentes à comunicação que proferi, pude testemunhar o grande interesse e aceitação que atribuíram a estas duas realizações relacionadas com a fotografia. As reacções foram francamente positivas e as obras apresentadas possibilitaram veicular diferentes aspectos da expressão fotográfica, constituindo uma grande novidade para o público.» (Relatório de Manuel Magalhães, 1988, Arquivos Gulbenkian, CAM 00150)

Mariana Roquette Teixeira, 2017