Sétima mostra do ciclo «L’Artiste du Mois», correspondente ao ano de 1988. Implementada por José-Augusto França, esta iniciativa tinha como objetivo aproximar o público francês do panorama artístico português. Ao longo dos quatro anos (1984-1988) em que o ciclo decorreu, foram apresentados no Centre Culturel Portugais 27 artistas portugueses. Num primeiro momento, a escolha incidiu em artistas residentes em Paris, tendo este critério, posteriormente, perdido relevância. Dos sete artistas selecionados para o ano de 1988, apenas dois residiam em França, e só um deles em Paris, encontrando-se os restantes a desenvolver o seu trabalho em Lisboa, no Brasil e na Alemanha.

Cada exposição era composta por um pequeno conjunto de trabalhos do artista escolhido e por alguma documentação sobre o seu percurso. Por ocasião de cada uma destas mostras era produzido um postal, no qual figurava uma obra representativa da exposição e, no verso, a biografia do artista e a sua morada de residência.

No caso da exposição de Luís Lemos (1954), o postal produzido pelo Centre Culturel Portugais sugere que entre as obras expostas se encontrava L’Ange déchu (1988), uma pintura bastante reveladora da linha seguida por este artista português, residente em Paris desde 1978.

Fortemente influenciado pelos expressionistas alemães do início do século XX, em particular do grupo Die Brücke, tendo ainda como importante referência Egon Schiele, Luís Lemos centra-se no corpo, fundamentalmente o masculino, e nas questões de repressão e transgressão ligadas à sexualidade, expressando-se através de uma pintura gestual e agressiva, que o aproxima dos nouveaux fauves. Na opinião do artista, o que o afasta dos neoexpressionistas é a sua paleta cromática, o uso dos azuis, vermelhos e amarelos.

Esta pequena mostra surgiu num momento em que o artista português já tinha exposto o seu trabalho em Paris, Berlim, Madrid, Luxemburgo, Florida e, nesse mesmo ano, pela primeira vez, em Portugal, na Galeria Clube 50 (Lisboa).

Mariana Roquette Teixeira, 2018