A 19.ª edição da Bienal Internacional de São Paulo tinha como objetivo reunir, em torno do tema «Utopia versus Realidade», as últimas tendências da arte contemporânea, pondo-as em confronto com correntes artísticas históricas.

José Sommer Ribeiro, diretor do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), nomeado pelo Ministério da Cultura como comissário da Representação Portuguesa, escolheu três pintores e dois escultores de gerações distintas, que, na sua opinião, revelavam «uma forte personalidade artística» e refletiam a «fase de grande renovação e revelação» que as artes plásticas portuguesas então atravessavam (Representação Portuguesa à 19.ª Bienal Internacional de São Paulo, 1987).

As obras destes cinco artistas foram integradas no segundo andar, juntamente com manifestações artísticas provenientes de diferentes países, que, nas palavras da curadora-geral Sheila Leirner, «de uma maneira ou de outra, exploram o descontínuo, o heterogêneo, o deslocamento de significados, de diluição de fronteiras entre categorias – e intervêm no espaço multidimensional da Cultura e das culturas. É o caso dos trabalhos ligados ao espaço arquitetônico, cenográfico, social, étnico, ritualístico e mesmo antropológico» (19.ª Bienal Internacional de São Paulo. Catálogo Geral, 1987, p. 19). 

As pinturas de Joaquim Bravo (1935-1990) e Teresa Magalhães (1944) foram postas em diálogo com as obras de César Domela (1900-1992) e David Alfaro Siqueiros (1896-1974). Noutra zona, encontravam-se as pinturas de Pedro Calapez (1953), acompanhadas pelas de Clorindo Testa (1923-2013) e Brigitte Kowanz (1957). As obras escultóricas de Rui Sanches (1954) e José Pedro Croft (1957) foram apresentadas individualmente, ocupando duas salas retangulares separadas por uma outra, na qual estavam agrupadas as instalações em madeira e ferro de Kari Cavén (1954).

O catálogo contou com a participação de cinco críticos de arte (António Rodrigues, Sílvia Chicó, João Pinharanda, Maria Filomena Molder e Manuel Castro Caldas), que, a convite de José Sommer Ribeiro, refletem sobre a obra dos artistas selecionados. 

Após a Bienal, as obras de Sanches e Croft permaneceram por mais algum tempo no Brasil, sendo expostas no Rio de Janeiro, no Paço Imperial. 

Mariana Roquette Teixeira, 2018