Exposição coletiva de escultura espanhola contemporânea, organizada pelo Ministério de Assuntos Exteriores e o Ministério de Cultura de Espanha e promovida pela Embaixada de Espanha em Portugal, que, conjuntamente com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), apoiou a realização da iniciativa em Portugal.

Comissariada por José Marín-Medina e apresentada no piso 01 da Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG, a exposição contou com a seleção de 71 obras de 26 artistas espanhóis, entre os quais se incluem alguns dos mais originais escultores espanhóis da segunda metade do século XX. Tratava-se de múltiplos realizados nas mais diversas técnicas e materiais, tais como o bronze, o aço, o ferro, o betão, a malha metálica, o poliéster, o metacrilato de metilo, entre outros.

Como esclarece no catálogo José Marín-Medina, o múltiplo tornara-se um género artístico cujas obras têm a particularidade de «não existir como “peça única”, mas como “original produzido em série”» (España. Escultura Multiplicada, p. 10).

As motivações que estiveram na base desta exposição prendiam-se com uma intenção de valorização desta prática, que contava à época com um número crescente de seguidores entre os artistas espanhóis. Simultaneamente, a exposição apresentava um retrato fiel, e uma síntese, das transformações e das novas abordagens da escultura espanhola contemporânea, procurando relacioná-la com o conceito de pós-modernidade, que entretanto se fixava na cultura ocidental (Ibid., pp. 13-14).

O texto introdutório do catálogo, assinado pelo comissário da exposição, desenha uma retrospetiva da arte até ao período da pós-modernidade, relacionando a sociedade de consumo com a introdução de novas práticas artísticas e de novos públicos apreciadores, consumidores e compradores de arte, num processo de progressiva liberalização no seu acesso. Neste sentido, o autor relaciona a «arte de massas» com a obra multiplicada, com o surgimento dos múltiplos (especialmente, peças escultóricas de pequeno formato) e com o corte com os tradicionais circuitos de exposição e distribuição das obras: «As finalidades do múltiplo representam, à partida, uma resposta ao aumento da procura social de escultura.» (Ibid., p. 9)

Contudo, e apesar de obedecer a um processo de produção serial, o mesmo autor defende que, como garantia da qualidade e da marca autoral, estes produtos artísticos deveriam ser realizados sempre em tiragem reduzida.

Filipa Coimbra, 2017