Jochen Gerz. A Verdadeira Janela para o Mundo

Exposição itinerante da obra do artista alemão Jochen Gerz (1940), organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com o Museu Nacional de Soares dos Reis, e com o apoio do Goethe-Institut. Nesta exposição, o espectador era confrontado com uma instalação constituída por uma janela em suspensão, acompanhada de um vídeo realizado pelo artista.
This travelling exhibition of the work of German artist Jochen Gerz (1940) met with some controversy from the public and critics alike. The show was jointly arranged by the Calouste Gulbenkian Foundation and the Contemporary Art Centre of the Museu Nacional de Soares dos Reis, with support from the Goethe-Institut.

Exposição que partiu da iniciativa conjunta da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e do Centro de Arte Contemporânea do Porto (CAC), contando ainda com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e do Goethe-Institut, com o propósito de «apresentar em Portugal a obra de Jochen Gerz, artista polémico e controverso» (Jochen Gerz. A Verdadeira Janela para o Mundo, 1978).

A exposição de Jochen Gerz (1940), artista que participou em diversas bienais como representante da República Federal da Alemanha, foi primeiramente apresentada no Porto, no Museu Nacional de Soares dos Reis, organizada em três secções: a primeira era composta por vitrinas com catálogos e livros da autoria de Jochen Gerz; a segunda, consagrada à sua produção escrita, apresentava 196 fototextos, que funcionavam como «pequenas janelas» (Hatherly, Expresso, 7 dez. 1978); a terceira era dedicada à instalação Kultura # 2: A Verdadeira Janela para o Mundo.

Esta instalação, especialmente concebida para ser apresentada nas exposições do Porto e de Lisboa, e executada em Portugal, produzia, segundo Fernando Pernes, efeitos distorcidos durante a sua observação: «Aí, o espectador encontrava uma grande placa, ameaçadoramente pendente do tecto e parcialmente recoberta de substância transparente, como um espelho sensível à luz. Mas tratava-se de um espelho semioculto e deformador. […] Cega e opaca, [o que] aquela grande janela suspensa […] nos pode dizer será apenas a voz do nosso silêncio, no espelho do que somos e apenas sabemos em breves fulgurações! Apenas que afinal o mesmo sucederá frente a todas as obras de arte! Os séculos de história cultural são projecções da nova sensibilidade em nós e por nós, tão-só, existindo. […] Sabê-lo e procurar exprimi-lo no apelo à participação do seu público possível, eis talvez um dos sentidos maiores da obra de Jochen Gerz, com quem a anti-arte surge redescoberta dos fundamentos virginais da experiência artísticas.» (Jochen Gerz. A Verdadeira Janela para o Mundo, 1978)

A instalação ficaria completa com um globo terrestre colocado junto a uma parede e com uma televisão que passava em loop um filme de 45 minutos realizado pelo artista, com imagens da própria sala.

Referindo-se à exposição do Porto, Pernes diz ainda que ela «foi testemunho da meditação sobre o congelamento vitalista das imagens, num desafio aos políticos através dos mass-media e uma provocação à cultura, pela réplica às convenções museológicas e aos conceitos tradicionalistas da funcionalidade artística» (Ibid.).

Já na edição de Lisboa, na FCG, a mostra foi apresentada na Zona de Congressos da Sede. Ao centro, e suspensa no teto do espaço de acesso às escadas que ligam o piso 0 ao piso 01, foi montada a «janela» e no topo das escadas, ao centro, foi exposto sobre um plinto o televisor que dialogava com o globo/candeeiro assente numa estrutura já no piso inferior. Os fototextos foram dispostos ao longo de toda a Zona de Congressos.

Importa referir que esta exposição representou uma das primeiras manifestações realizadas na FCG centrada na instalação enquanto expressão artística, ou «ambiente», como, à época, era designada.

Pela consulta do material de arquivo, sabe-se que houve a intenção de também se apresentar esta exposição em Coimbra, mas não foi possível confirmar nem a sua localização, nem a sua efetiva realização.

A receção da exposição por parte do público e da crítica não foi totalmente pacífica, não apenas por se tratar de uma instalação, dispositivo com que o público estava menos familiarizado, mas também pelo caráter conceptual do trabalho do artista, mais dirigido ao «auditório iniciado», no sentido que lhe atribuía o sociólogo Howard Becker no seu Art Worlds (1982).

A Jochen Gerz interessava «levar as pessoas a encontrarem-se consigo mesmas», pelo que as suas obras eram «dispositivos organizados nesse sentido» (Jochen Gerz. A Verdadeira Janela para o Mundo, 1978).

Filipa Coimbra, 2017


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Publicações


Material Gráfico


Fotografias


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM 00133

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, correspondência recebida e expedida e elementos para o catálogo. 1978 – 1979

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0032-D00105

1 prova, cor: aspeto (FCG, Lisboa) 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0032-D00106

13 provas, p.b.: aspetos (FCG, Lisboa) 1978

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Exposições e Museografia), Lisboa / SEM-S007-P0032-D01265

5 provas, p.b.: aspetos (Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto) 1978


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