Exposição temporária e itinerante, dedicada à ourivesaria popular italiana, proposta à Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) pela Embaixada de Itália em Portugal e pelo Museu Nacional de Arte e Tradição Popular de Roma, a partir do acervo deste último, que contou com a organização do Serviço de Exposições e Museografia da FCG.

O conjunto apresentado foi selecionado entre um total de 3000 peças, que constituem a coleção de ourivesaria popular italiana do Museu Nacional de Arte e Tradição Popular de Roma, tendo sido apresentado em Lisboa, no piso 01 da Galeria de Exposições Temporárias da Sede da FCG, um total de 615 peças de ourivesaria, com exemplares de vários modelos de brincos, colares, anéis, pulseiras, alfinetes, espadas, adornos para a cabeça, adornos para vestuário, filigranas, ourivesaria com pedras policromas e pérolas e de ourivesaria de caráter religioso, como amuletos, cruzes e ex-votos.

Além de se assumir como uma exposição de ourivesaria, a mostra apresentava-se também como um evento etnográfico, uma vez que os exemplares apresentados refletiam uma ampla recolha empreendida em todo o território italiano, desde a Lombardia à Sicília, capaz de mostrar a diversidade e a unidade da produção artesanal e do trabalho dos ourives, mesmo que a localização da produção fosse, por vezes, imprecisa.

Na introdução do catálogo, o público é alertado para lapsos metodológicos e informado dos critérios que orientaram a recolha e o registo das fichas de cada objeto, produzidas para a Mostra Etnográfica de 1911, realizada por ocasião do cinquentenário da unificação de Itália. No mesmo catálogo é igualmente confirmada a pertinência da exposição: «Expostas as dificuldades e as consequentes lacunas do trabalho, devidas também a uma total ausência de estudos históricos sobre a ourivesaria popular italiana, queremos agora expor o que não desejámos fazer e o que pelo contrário tivemos intenção de fazer. […] O que quisemos foi situar historicamente todos os tipos que nos foi possível; a partir do estudo da ourivesaria grega, etrusca, romana, bizantina, longobarda, árabe, carolíngia, saxónica, sueva, normanda, da alta e baixa Idade Média em geral, renascentista, barroca, setecentista, oitocentista […]. Eles são sobretudo documentos históricos importantes que testemunham o lento desenvolvimento das classes populares relativamente às classes hegemónicas.» (Ourivesaria Popular Italiana, 1977)

Filipa Coimbra, 2016