Fundo de Apoio – Incêndios 2017
Enquadramento
Em 17 de junho de 2017, deflagrou em Pedrógão Grande um incêndio florestal particularmente violento que rapidamente se estendeu aos concelhos Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Pampilhosa da Serra, Penela e Sertã. O incêndio só seria extinto uma semana depois tendo causado 66 vítimas mortais, mais de 200 feridos e um impressionante rasto de destruição.
Na sequência deste incêndio, gerou-se uma vaga de solidariedade sem precedentes em Portugal, com várias instituições, empresas e cidadãos anónimos unidos na vontade e no esforço de apoiar as vítimas da tragédia.
A constituição do fundo de apoio
A Fundação Calouste Gulbenkian disponibilizou, de imediato, 500 mil euros em fundos próprios para apoio às populações afetadas.
Perante a vaga de solidariedade e o montante de fundos doados por cidadãos e empresas, foi constituído o Fundo de Apoio às Populações e à Revitalização das Áreas Afetadas pelos Incêndios. A gestão deste Fundo, de mais de 4 milhões de euros, foi confiada à Fundação Calouste Gulbenkian.
A aplicação do fundo
O âmbito e a estratégia de atribuição dos fundos foram definidos em articulação com as entidades doadoras e estabelecidos em protocolo.
No exercício da missão que lhe foi confiada – a gestão de um Fundo de Apoio às Populações e à Revitalização das Áreas Afetadas pelos Incêndios de 2017 – a Fundação Calouste Gulbenkian procurou, numa primeira fase, dar resposta às solicitações que lhe foram dirigidas pelas entidades formalmente competentes, que, no terreno, identificaram (e validaram) as necessidades mais imediatas das populações, nomeadamente habitação e atividades de subsistência.
Em conjugação com a ajuda de pós-emergência, a Fundação apoiou também, em articulação com as entidades locais, iniciativas e projetos com vista à melhoria da qualidade de vida das populações e a valorização dos recursos existentes. Esta opção, em linha com os objetivos da Fundação Calouste Gulbenkian, resulta de um olhar mais abrangente sobre as consequências da tragédia e visa contribuir para que, após a desmobilização dos movimentos de solidariedade e voluntariado, as populações e as organizações locais fiquem dotadas de recursos que lhes permitam continuar em frente e acreditar na sua capacidade de se reerguerem.
A definição das áreas de atuação foi estabelecida em protocolo com as entidades doadoras e os apoios concedidos organizados em 5 áreas: reconstrução de habitações, reposição de perdas nas atividades de subsistência, reforço da capacidade de respostas das instituições locais, valorização do potencial humano e combate à solidão e ao isolamento.
Reconstrução e reabilitação de habitações
O Fundo apoiou a reconstrução e/ou reabilitação de 58 habitações, em 8 concelhos, num investimento total de € 1 558 044,45. A instrução e validação dos pedidos de apoio foi da responsabilidade das entidades competentes, designadamente os municípios envolvidos e o fundo REVITA, com suporte técnico da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C).
Reposição das atividades de subsistência
Parte da população das regiões atingidas pelos incêndios tem nas atividades agrícolas e pecuárias e na apicultura (e outras que lhe estão associadas) o seu principal meio de sustento ou um complemento fundamental aos baixos salários e às pequenas reformas. Acresce que estas atividades estruturam a vida diária destas populações, promovem o sentido de pertença e previnem o abandono dos terrenos.
O Fundo apoiou, neste contexto, cerca de 1250 famílias, permitindo às pessoas recuperar bens, equipamentos e animais perdidos. O investimento nesta área foi de € 405 363,74.
Reforço da capacidade de resposta das instituições locais
Nestes territórios, as instituições locais desempenham um papel fundamental na promoção do bem-estar e da melhoria das condições de vida das pessoas e, consequentemente, no desenvolvimento local. Estas instituições acabam por desenvolver respostas multidimensionais, desempenhando para isso vários papéis em simultâneo – além da prestação de serviços associada à sua missão, transformam-se em verdadeiras âncoras do desenvolvimento e da sustentabilidade local. No entanto, trabalham quase sempre com poucos meios, sendo suportadas, em geral, pela boa vontade e dedicação dos seus profissionais. Após uma tragédia com a dimensão dos incêndios de 2017, em que se multiplicaram as necessidades e os pedidos de ajuda, as carências destas instituições tornaram-se mais evidentes.
Procurando colmatar algumas destas carências, o Fundo financiou a aquisição de equipamentos, identificados como necessários para reforçar a capacidade de resposta destas instituições. Foram apoiadas 51 instituições, num investimento total de € 1 331 242,52.
Valorização do potencial humano
Os incêndios de 2017 vieram chamar a atenção para uma região que lida diariamente com as suas profundas fragilidades: população envelhecida e dispersa, dependência da agricultura de subsistência e do pequeno comércio local e dificuldade em fixar novas gerações na sua terra.
Estes concelhos precisam de jovens para terem futuro. Foi essa convicção que fundamentou o apoio do Fundo a várias iniciativas centradas nas necessidades e ambições dos mais novos. Foram apoiadas 9 iniciativas, num investimento total de € 278 561,06.
Combate ao isolamento à solidão
Este é um território com uma densidade populacional baixa, aldeias dispersas, povoamentos afastados, aqui tudo parece ser longe.
O vizinho mais próximo fica muitas vezes a uma distância demasiado grande, e ainda mais quando as dificuldades de mobilidade tornam cada uma destas pessoas uma ilha isolada em si mesma.
Esta é uma vivência que chega a todos, mais jovens ou mais idosos.
Para ajudar a amenizar esta realidade, o Fundo investiu na promoção de 8 projetos de apoio de proximidade, num investimento total de € 210 275,88.
Vídeos
Fundo de Apoio
às populações e à revitalização das áreas afetadas pelos incêndios
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Os resultados obtidos pelo Fundo de Apoio só foram possíveis graças ao empenho e dedicação de Luísa Valle, Maria de Jesus Lança e Celso Matias.