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  • Inv. GP1975

Júlio Pomar

sem título

O início dos anos 50 é prolífico para Júlio Pomar na prática da gravura, executando, neste mesmo ano de 1951, as primeiras litografias no Atelier Amândio Silva.

 

Embora tenha a mesma datação de outra gravura da colecção do CAM — Mulheres fugindo ou Sem título —, observamos o quão diferentes são as suas linguagens, o que atesta a permanente curiosidade e vontade de experimentação do artista, mesmo dentro de uma mesma fase da sua produção. Embora seja um meio que jamais abandona, a gravura adquiria especial pertinência nesta fase neo-realista de Pomar, já que a ambição deste movimento de levar a arte até ao povo privilegiava este meio devido à acessibilidade decorrente da sua possibilidade de reprodução técnica.

 

O que desde logo ressalta nesta litogravura é a opção pela incisão da figura num fundo negro. A imagem parece assim o negativo de uma imagem convencional, em positivo.

 

Em traços muito finos e num esquema de grande síntese descritiva, Pomar representa uma figura feminina, com o rosto voltado para a direita da composição, com os braços cruzados e em cujas mãos estão poisadas pombas.

 

Ainda que a gravura assuma a bidimensionalidade do desenho, os contornos delimitam volumes de alusões picassianas, construindo formas simultaneamente angulosas e arredondadas.

 

Para além das volumetrias assim sugeridas, em aparente contradição com a planura e síntese do desenho, a imagem é animada pelo cruzamento das suas linhas de força: o posicionamento do rosto e do olhar descende do canto superior esquerdo para o campo inferior direito, ao passo que o tronco apresenta uma ligeira torção em sentido contrário; os braços estão cruzados, descrevendo um “x”, e as suas formas mais rectilíneas contrastam com as formas mais curvilíneas das pombas e dos seios da mulher.

 

A presença feminina em conjugação com a representação esquemática das pombas são elementos que também nos remetem para a obra de Picasso. Com efeito, sendo da autoria de Picasso o poster para o primeiro Congresso pela Paz, realizado em Paris em 1949 — poster no qual figura uma pomba, à qual acrescentará a figura feminina em edições posteriores do dito congresso —, torna-se difícil não encontrar nesta gravura ecos dessa obra, amplamente difundida. Quer se trate de uma efectiva influência ou de um mero acaso.

 

 

 

Luísa Cardoso

Fevereiro 2015

TipoValorUnidadesParte
Altura65,3cmpapel
Altura54,5cmmancha
Largura38,5cmmancha
Largura49,8cmpapel
TipoA definir
DataA definir
Atualização em 23 janeiro 2015

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