• 1983
  • Tela
  • Verniz e Tinta acrílica
  • Inv. 84P577

Ângelo de Sousa

Pintura (84 – 10 – 4 G)

A cor é para Ângelo de Sousa uma questão de escolha, de organização e de intensidade, e mesmo num só traço pode dar-se uma infinidade de variações. Do traço facilmente se passa à avaliação de fatias de cor em desenhos e pinturas: tiras em que entala a figura ou inscreve sinais, faixas contornadas pela cor complementar, ovais e gomos vivos, placas e camadas, frações cromáticas que descem e se juntam num vale ou num arco-íris.

 

Trabalhos como Geométrico Grande de 1967, feito de triângulos coloridos mantidos entre o plano e o volume pela combinação de efeitos ópticos dados pela cor e posição relativa de cada polígono, ou trabalhos com pequenas pintas de muitas cores, no mesmo ano, pré-historicizam a impregnação sucessiva das diferentes parcelas cromáticas que algumas pinturas de 1972/73 já apresentam em grau avançado, com pequenas manchas e camadas ainda perceptíveis à superfície e que as pinturas daí para a frente vão assumir plenamente: é o caso das telas inteiramente submersas numa mesma tonalidade amarela, laranja ou verde em que se entrevêem com dificuldade as camadas soterradas de outras cores, mas em cuja pulsação está o segredo duma superfície densa, intensa e cintilante.

 

A passagem constante da demarcação à contaminação dos territórios estende-se a diferentes trabalhos ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990. Fundo e forma partilham um mesmo plano e, não raramente, uma linha geométrica ténue solicita um certo esforço de percepção. As linhas marcam fronteiras que não dividem nenhuma diferença de natureza. A profundidade nestas pinturas é geológica e não representativa. Refere-se a camadas e não a pontos de fuga. Vive de imperceptibilidades e da submersão duma densidade cromática sob a cor dominante. Nos Monócromos as cores pesam debaixo de outras, e só uma linha que se quebra em dois ângulos quase invisíveis de tão abertos, ou a inclinação muito subtil da linha que divide o que podem ser mosaicos lembra essa latência.

 

Uma das mais frequentes constelações vocabulares dos textos sobre Ângelo de Sousa é a que reúne conceitos como despojamento, economia, nudez estrutural, essencialidade, rigor, vazio espacial, pureza, estilização, vocabulário elementar, despido e mínimo. Estas atribuições permitem que se tenha usado muito a referência ao minimalismo para falar de Ângelo de Sousa . No entanto, o programa minimalista americano nunca foi o seu. Ernesto de Sousa explicou-o bem num artigo publicado na revista Colóquio-Artes de Junho de 1975, em que diz que «todas as operações de A.S. revelam uma investigação rigorosa e lógica no sentido “minimal” mas sem que isso corresponda a um acerto pelo minimalismo».

 

Sobre a depuração que pretendia, ficou célebre a frase de Ângelo de Sousa: «Um máximo de efeito com um mínimo de recursos; um máximo de eficácia com um mínimo de esforço; um máximo de presença com um mínimo de gritos».

 

 

Leonor Nazaré

Maio de 2013

 

TipoValorUnidadesParte
Altura200cm
Largura170cm
Tipo assinatura
Tipo data
TipoAquisição
Data13-12-1984
Atualização em 23 janeiro 2015

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.