• Papel
  • Xilogravura
  • Inv. GP11

Júlio Pomar

Os pastores (Astúrias)

A partir de 1956, Júlio Pomar começa a viajar com maior regularidade para fora do país. Nesse ano visita as Astúrias e Altamira, numa viagem de carro que faz até Paris. Esta gravura toma por mote exactamente um tema dessa viagem, como se percebe pelo título.

 

Do mesmo ano de 1957, o mesmo tema é alvo de uma pintura a óleo, intitulada Pastores Asturianos.* Se nela vemos já ensaiada a primazia de uma pincelada na estruturação da forma — o que levará historiadores que se debruçam sobre a sua obra a caracterizar a fase que se segue ao seu período neo-realista como influenciada pelo gestualismo e pelo informalismo europeu —, também nesta gravura observamos semelhante transformação, sobretudo se a compararmos com gravuras do mesmo período onde a forma parece mais estruturada sobre o desenho.

 

Explorando as potencialidades da xilogravura, na qual a madeira é usada como matriz, vemos dois pastores, cobertos com os seus capotes. O da esquerda apresenta-se numa posição frontal; o da direita numa posição lateral, segurando um cajado, eixo diagonal que quebra (e liga) a verticalidade das duas figuras e interrompe o negro das manchas que representam os seus corpos. Deste modo, entre o negro que compõe as figuras dos pastores, apenas se destaca, pelo contraste cromático, os seus rostos, mãos e cajado. O fundo, que enquadra as personagens, serve-se de incisões na matriz de madeira para, pela claridade relativa do seu tom, destacar o negrume dos pastores.

 

A aspereza e irregularidade intencional das incisões na madeira imprimem uma expressividade particular à imagem. Os veios da matriz de madeira persistem na mancha negra dos pastores, parecendo a materialidade da técnica sublinhar a dimensão telúrica do tema. Como se um ciclo se fechasse na produção de Pomar, a mesma “rudeza” que podíamos ver, por exemplo, no icónico Almoço do Trolha, de 1947, regressa aqui, transformada, nesta despedida de Pomar do neo-realismo.

 

* Cf. Júlio Pomar e a experiência neo-realista, Vila Franca de Xira, Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e Museu do Neo-Realismo, 2008, p. 133.

 

 

 

Luísa Cardoso

Fevereiro 2015

TipoValorUnidadesParte
Altura44,8cmmancha
Largura29,9cmmancha
Altura52,4cmpapel
Largura40cmpapel
TipoA definir
DataA definir
1/150 Gravar e Multiplicar
Almada, Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, 2009
ISBN:9789728794583
Catálogo de exposição
1/150 Gravar e Multiplicar - Gravuras da Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian
Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea
Curadoria: Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea
31 de Janeiro de 2009 a 17 de Maio de 2009
Casa da Cerca
exposição comissariada por Ana Vasconcelos, Emília Ferreira e António Canau (Comissário científico).
Atualização em 23 janeiro 2015

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