• 2003
  • Tela
  • Tinta acrílica
  • Inv. 04P1269

Bruno Pacheco

O Bicho

Realizados por Bruno Pacheco entre 2003 e 2004, os trinta e quatro desenhos pertencentes à colecção do CAM não constituem uma sequência fechada de trabalhos, mas um conjunto livre, aparentado pela técnica e pela intencionalidade do artista. Nele encontramos variáveis temáticas que incluem a representação com figuras humanas, retratos de rosto ou fragmentos de corpos, retratos com dois ou mais protagonistas e auto-retratos. Por outro lado, encontramos várias vezes assinalado um interesse por uma representação animalista, em que predominam cães e cavalos, em tomadas de vista insólitas, que se aproximam por vezes a pormenores de um flanco, de um olho ou de uma garupa. Mais raras são as representações de espaços exteriores (vistas de beira-mar ou de jardins públicos), sempre seguindo o mesmo princípio de uma representação de aspectos particulares ou de pormenores de cenas. Também o enfoque em gestos ou partes do corpo – pés, pernas, decotes, torsos… – nos põe perante situações em que se evidencia uma tensão, um desequilíbrio que acentua tempos, movimentos ou instantes breves do olhar. Essa carga é igualmente proporcionada pelo trabalho com tomadas de vista rebaixadas, com efeitos de escala insinuando proximidade ou afastamento dos «objectos» representados, quase sempre tendendo a indicar a exterioridade, a não participação do artista nas cenas observadas. Algumas imagens mostram-nos aspectos de encontros íntimos ou de manifestações sociais (celebrações, circos, espectáculos equestres…), eventos com alguma carga institucional (cerimónias diversas de que o artista apenas nos faculta momentos, detalhes de gestos ou de vestuário, por exemplo).

 

As imagens de Bruno Pacheco não deixam de manter – por encenação de acontecimentos congelados no tempo – uma ligação intrínseca com o instantâneo fotográfico e com a imagem em movimento (filme ou vídeo que o artista também vem praticando regularmente). Aí se inscreve também a importância da luz, que sublinha os coloridos, aviva os reflexos e por vezes, de tão intensa, esbranquiça e aplana as formas, como na imagem do cão de olhos brancos, encandeado por um flash luminoso. A qualidade diarística da obra de Bruno Pacheco, vencedor do Prémio de Artes Plásticas União Latina, em 2005, evidencia-se na prática muito prolífica do desenho ou da pintura sobre papel, na concepção do desenho como meio de anotação – sob a forma de cor, mancha ou figura – de experiências pessoais, memórias e visões. Essa qualidade manifesta-se por vezes na organização de compilações de imagens que o artista tem igualmente transferido para a grande escala da pintura.

 

AFC

Novembro de 2011

 

 

TipoValorUnidadesParte
Altura145cm
Largura200cm
Profundidade4,5cm
TipoAquisição
DataFevereiro de 2004
Densidade Relativa
Lisboa, CAM/FCG, 2005
ISBN:972-635-169-x
Monografia
Densidade Relativa
Leonor Nazaré
Curadoria: Leonor Nazaré
27 de Outubro de 2005 a 22 de Janeiro de 2006
HALL de entrada e Piso 1 no CAMJAP
12-8-2006 a 26-11-2006
Centro Cultural Emmerico Nunes e Centro das Artes de Sines
A ideia de trabalhar o conceito de densidade das obras começou por surgir com a constatação de que a palavra é muito frequente nos textos de crítica de arte. O mesmo acontece com a palavra intensidade que facilmente se associa à primeira. Rapidamente se percebe que densidade pode ser sinónimo de riqueza ou de impenetrabilidade, quando não se refere mais literalmente à acumulação de elementos no espaço, por oposição ao vazio ou à rarefacção. O pensamento em torno destas variantes conduziu à percepção de que o conceito poderia ser útil no estabelecimento de um contínuo entre a matéria do pensamento e a dos corpos e objectos, neste caso, a das obras de arte.
Atualização em 23 janeiro 2015

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