Esta obra teve por destino o Bristol Club, estabelecimento fundado em 1918 às Portas de Santo Antão. Resultou de uma encomenda em 1926, por ocasião de uma remodelação total do Club, a «alguns dos maiores artistas da nova geração», como relata a revista Contemporânea num artigo dedicado a esta «manifestação de arte moderna» (Maio de 1926, p. 52). Além de Almada Negreiros, encontramos o arquiteto Carlos Ramos, os escultores Leopoldo de Almeida e Canto da Maia, e os pintores Guilherme Filipe, Ruy Vaz, Meneses Ferreira, António Soares e Eduardo Viana. No mesmo artigo da Contemporânea, o responsável por esta transformação do Club numa verdadeira «Casa dos artistas», o proprietário Mário Ribeiro, é elogiado como «mais do que uma inteligência prática: um verdadeiro artista».

 

Esta obra de Almada foi, juntamente com doze outros quadros que decoravam o clube, emprestada por Mário Ribeiro para o II Salão de Outono, organizado pela Contemporânea em Novembro de 1926. Numa crítica à exposição na revista Ilustração (1 de Dezembro de 1929, p. 16), Manoel de Sousa Pinto escreve o seguinte sobre o Nu:

«É uma espécie, Vie parisienne, de Vénus astral, alongada e translúcida, saída, à marquesinha, do muito talento do autor […]. Destinado a um vestiário de senhoras, o quadro ficará a galantíssimo rigor.»

 

SAF

 

Maio de 2010