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Júlio Pomar

Livro dos Quatro Corvos

Esta litografia decorre de uma pintura a acrílico sobre tela, intitulada Never More e datada de 1985, litografia essa que Júlio Pomar executa para um livro intitulado Le Livre des Quatre Corbeau.* O conceito editorial do livro em questão parte da ideia de confrontar quatro textos de autores como Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé e Fernando Pessoa que tomam por mote o mesmo tema: o corvo. Claude Michel Cluny foi então convidado para realizar o texto de comentário à edição e Júlio Pomar para a ilustrar.

 

Com uma linguagem em boa parte herdada das suas variações em torno do tema do tigre — cuja génese foi também ela literária, inspirada em Jorge Luís Borges —, as quais inicia em finais dos anos 70 e prossegue ao longo dos anos 80, a presente obra apresenta uma organização vertical. Numa leitura da esquerda para a direita, observamos que a mesma se compõe por uma lista estreita em tons de branco, à qual se segue uma lista negra de forte presença plástica, na base da qual figura um livro sobre o que parece um púlpito de leitura, e, por fim, por uma lista azul clara (que funciona como fundo) de onde emerge do limite direito um corvo, que nos espreita e cujo negro rima com o da lista negra. Regressa aqui uma exploração do rasto da pincelada, ainda que não com as conotação da sensação de movimento que se observava no ciclo das tauromaquias. No entanto, é de novo a pincelada que volta a estruturar a forma, ainda que a abdicação da nitidez dos contornos pareça agora denotar uma tremura na focagem da imagem, como se traduzisse uma dúvida na sua estabilidade e quietude.

 

A economia cromática — negro, azul, brancos, laranja — contribui para uma intensificação dos poucos elementos que estruturam a obra e a disposição destes incita à especulação sobre possíveis significados. Com efeito, num segundo olhar, o livro aberto parece apontar para a mancha negra atrás de si, dotando-a de uma profundidade simbólica dos mundos ou perspectivas abertos pela literatura; o corvo enigmático, empoleirado sobre formas não identificáveis, adensa esse mistério e interpela-nos para que dele participemos. Não por acaso quatro nomes maiores da literatura mundial o elegeram por tema.

 

* Claude Michel Cluny, Júlio Pomar, Le Livre des Quatre Corbeau: Poe, Baudelaire, Mallarmé, Pessoa, Paris, Éditions de la Différence, 1998 (1ª ed. 1985)

 

 

 

Luísa Cardoso

Fevereiro 2015

TipoValorUnidadesParte
Altura40cmpapel
Largura32cmpapel
Altura34,1cmmancha
Largura25cmmancha
TipoA definir
DataA definir
Atualização em 23 janeiro 2015

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