• 1993
  • Ar, Chumbo, Fibra de vidro e Gesso
  • A definir
  • Inv. 95EE46

Antony Gormley

Close II

A representação escultórica da figura humana no Ocidente foi repensada no trabalho inovador e idiossincrático de Antony Gormley, que quebrou as fronteiras entre espaço privado e espaço público. Nas esculturas de Gormley, o corpo é liberto dos seus confins biomórficos, solto dos constrangimentos do género ou da raça, e torna-se um “lugar” que carrega o cunho da experiência pessoal, subjectiva. Embora bem longe do corpo individual como memória, o trabalho de Gormley traça também a memória colectiva da humanidade, a História e a tradição dos seus povos. As figuras que cria contam a história da viagem metafísica do Homem ao longo da vida, através da História e Religião, oferecendo também o testemunho da experiência do quotidiano. A escultura britânica dos anos 80 foi um cruzamento entre o abstracto e o figurativo. A sobrevivência histórica do readymade, influência da Pop Art importada dos Estados Unidos da América, foi uma importante premissa no trabalho de um grande número de artistas britânicos que adoptaram o uso de objectos industriais e do dia-a-dia.

 

Contudo, Gormley optou por uma espécie de escultura “clássica” figurativa, investindo as suas obras de novas qualidades espirituais e físicas, dando-lhes um cunho pessoal: a partir de 1981, o artista começou a usar o seu próprio corpo como matriz do seu trabalho, transformando-o no meio através do qual o processo criativo se completa, um molde que contém a forma mental e que posteriormente se “transforma” em escultura.

 

Os trabalhos de Gormley desenvolvem-se de forma dinâmica no espaço e parecem suspensos entre movimento e imobilidade. Close II é um destes casos. Uma figura humana está deitada de face para o chão, os braços e as pernas abertos. Este volume biométrico do molde de gesso, compactado com fibra de vidro e coberto por uma camada de chumbo, brilha suavemente e tem a aparência de algo valioso. A partir de 1990, muitos dos trabalhos de Gormley parecem exprimir uma preocupação explícita com a relação directa do homem com a terra. Em Close II, o homem torna-se canal de passagem de energia, é ele próprio o resultado de uma performance, um ritual cerimonial que imprime a memória do movimento na forma escultórica. As figuras de Gormley, carregam frequentemente a marca do inesperado, e invocam a ideia de “acaso” tão procurada pelo automatismo dadaísta e surrealista. Ambiguidade e ironia, o inesperado, o acaso e o metafísico, todos têm lugar neste volume rígido e compacto, que parece invadir o nosso espaço pessoal e quotidiano. Existe um aspecto profundamente místico no trabalho de Gormley. Esta obra, parece muitas vezes falar do silêncio e do mistério metafísico definido nas tradições religiosas do Budismo ou do Hinduísmo, que o artista explorou em profundidade, sobretudo durante a primeira metade dos anos 70.

 

 

Margarita Kataga

Maio de 2010

 

TipoValorUnidadesParte
Altura37cm
Profundidade174cm
Largura201cm
TipoAquisição
DataJaneiro de 1995
Linhas de Sombra
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian e Centro de Arte Moderna, 1999
ISBN:972-635-115-4
Catálogo de exposição
A Ilha do Tesouro
Lisboa, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, 1997
ISBN:972-635-100-6
Catálogo de exposição
A Ilha do Tesouro / Treasure Island
CAMJAP/FCG
Curadoria: CAMJAP/FCG
7 de Fevereiro de 1997 a 4 de Maio de 1997
Todo o espaço expositivo do CAM - pisos 0, 1 e 01, e Galeria de Exposições Temporárias.
Comissários da exposição: Jorge Molder e Rui Sanches.
A Ilha do Tesouro / Treasure Island
CAMJAP/FCG
Curadoria: CAMJAP/FCG
7 de Fevereiro de 1997 a 4 de Maio de 1997
Todo o espaço expositivo do CAM - pisos 0, 1 e 01, e Galeria de Exposições Temporárias.
Comissários da exposição: Jorge Molder e Rui Sanches.
Linhas de Sombra
Fundação Calouste Gulbenkian
Curadoria: Fundação Calouste Gulbenkian
29 de Janeiro de 1999 a 18 de Abril de 1999
Lisboa
Exposição comissariada por João Miguel Fernandes e Maria Helena de Freitas e programada por Jorge Molder e Rui Sanches.
Atualização em 23 janeiro 2015

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