Esta imagem vive da suspensão do momento, algo que só a fotografia poderia revelar, num registo que não denuncia se uma dada acção teve lugar ou está para acontecer.

É o mistério aquilo que a imagem busca, numa inequívoca cena carregada de dramatismo, à qual a «dureza» da iluminação não é indiferente, nem a manga arregaçada do próprio braço (do poeta Alexandre O’Neill, como nos referiu o autor) que busca, ou deixa, uma faca.

A imagem poderia ser um still de um qualquer filme de acção, cujo enredo não nos é revelado mas sugerido numa única imagem, abrindo deste modo um vasto horizonte de subjectividade.

Esta representação encenada funciona assim como criadora de histórias, de fabulações, de outras realidades que nunca existiram, e é, mais do que na pintura ou no desenho, o carácter de mimese da fotografia, que lhe permite assumir-se como mais próxima do real, e dar credibilidade a uma eventual acção.

JO
Maio de 2010