Grandes movimentações no CAM

Enquanto o edifício se encontra encerrado para obras de remodelação, vamos desvendar alguns segredos dos bastidores do CAM.
12 out 2021

À medida que as obras no edifício do CAM vão avançando, inicia em paralelo a movimentação de esculturas e peças de arte de maior dimensão para as reservas recentemente intervencionadas e, consequentemente, melhoradas.

Entre as centenas de esculturas encontram-se duas pinturas de Maria Helena Vieira da Silva, cada uma com cerca de 5 m de altura por 3,5 m de largura, que deslumbram tanto pela dimensão, como pela cor e textura dos múltiplos planos e perspetivas.

 

Maria Helena Vieira da Silva, Estudo para a tapeçaria de Basileia, 1953. Inv. PE309
Maria Helena Vieira da Silva, Estudo para a tapeçaria de Basileia, 1953. Inv. PE310

 

Os dois «gigantes» surgem no âmbito de um concurso de tapeçaria organizado pela Universidade de Basileia no ano de 1954, que Vieira da Silva venceu. Após vários estudos, a artista desenvolveu dois «cartões» à escala real das tapeçarias, posteriormente executadas. Devido à grande dimensão das peças, Vieira da Silva teve a ajuda dos estudantes assim como de professores e familiares.

Estes «cartões» permaneceram algumas décadas enrolados no ateliê da artista até serem intervencionadas há mais de 20 anos. O suporte em papel foi colado a uma tela, e esta fixa a grade em madeira, com 6 travessas.

 

Movimentação de obras de Maria Helena Vieira da Silva. Fotografia: Elizabeth Martins

 

Uma observação preliminar do estado de conservação das obras revelou a fragilidade da camada pictórica a têmpera de guache sobre um suporte em papel Kraft. Um dos painéis exibia uma das laterais integralmente descolada, o que significava um risco elevado durante a movimentação da peça. Ambas as pinturas apresentavam poeiras superficiais, vários vincos e ondulações do suporte que originaram levantamentos da camada cromática e diversos destacamentos. Antes da mudança para a reserva, efetuou-se uma limpeza superficial por aspiração e a fixação da banda esquerda desse painel, conferindo à peça a estabilidade física necessária para o seu manuseamento.

Dada a grande dimensão das obras, foi fundamental o contributo de uma equipa coordenada e experiente que, de forma calculada, anteviu os riscos e ultrapassou os entraves durante o percurso até às reservas.

 

Movimentação de obras de Maria Helena Vieira da Silva. Fotografia: Elizabeth Martins
Movimentação de obras de Maria Helena Vieira da Silva. Fotografia: Elizabeth Martins

 

Hoje, os belíssimos painéis de Maria Helena Vieira da Silva já repousam em casa, num espaço de reserva especialmente concebido para o efeito, protegidos por uma campânula em manga plástica, e em condições de humidade relativa e temperatura controladas, arrancando elogios admirados a quem por eles passa.

 

Elizabeth Martins
Conservadora-restauradora

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