Figurinos do Ballet Gulbenkian

O processo por detrás da criação dos figurinos do Ballet Gulbenkian revelado através de registos de inventário guardados nos Arquivos Gulbenkian.
18 mai 2023 3 min
Dos Arquivos

Este inventário foi desenvolvido ao longo dos 40 anos de existência do Ballet Gulbenkian pela pessoa encarregada do depósito adjacente ao Guarda-Roupa. Ainda que produzido de acordo com sistemas e metodologias diversos, e com diferentes graus de complexidade e sofisticação, este dispositivo de informação visava essencialmente suportar a função de controlo e gestão do guarda-roupa, da confeção à conservação e manutenção.

 

Figurino para bailarina do bailado “Interiores”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Interiores”
Miniatura de figurino para bailarino do bailado “Interiores”
Miniatura de figurino para bailarino do bailado “Interiores”

 

O processo de confeção de um guarda-roupa tinha na sua origem a conceção dos figurinos, os quais eram apresentados pelo criador à Direção de Produção e à mestra do atelier de costura.

 

Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Danças dos espíritos”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Danças dos espíritos”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Danças dos espíritos”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Danças dos espíritos”

 

Este atelier, nas décadas de 80-90, era composto por uma mestra e 12 costureiras. Em casos excecionais, eram contratadas, temporariamente, costureiras para desenvolver os trabalhos de confeção dos guarda-roupas mais extensos.

Após uma visita aos armazéns, onde se verificavam os tecidos e aviamentos em stock que pudessem ser utilizados, eram recolhidas amostras dos restantes materiais necessários junto de fornecedores externos.

 

Amostras para figurino de bailarina do bailado “Danças dos espíritos”
Miniatura de figurino para bailarino do bailado “Danças dos espíritos”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Danças dos espíritos”
Amostras para figurino de bailarina do bailado “Danças dos espíritos”

 

Cabia à mestra do atelier de costura a organização de um registo com as medidas dos bailarinos. A partir dessas medidas e em função do número de bailarinos (certas obras coreográficas tinham dois elencos) eram calculadas as quantidades dos materiais a utilizar e procedia-se à sua aquisição.

Por vezes, designadamente por indicação dos figurinistas, as encomendas eram efetuadas a empresas estrangeiras específicas. No caso dos sapatos/sapatilhas, essas encomendas externas, se realizadas a fornecedores britânicos, poderiam ter como interlocutor a Delegação no Reino Unido.

A confeção era iniciada com a produção dos moldes e com o corte dos materiais, tarefas que incumbiam à mestra do atelier. As sessões de provas eram combinadas com o ensaiador. Todo o processo era acompanhado pelo figurinista, chegando a haver alterações “radicais” ao desenho inicial.

 

Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Terra do Norte”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Terra do Norte”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Terra do Norte”
Miniatura de figurino para bailarino do bailado “Terra do Norte”

 

Logo que confecionadas, as peças eram entregues ao depósito do Guarda-Roupa, sendo estreadas no ensaio geral.

 

Amostras e miniatura de figurino para bailarino do bailado “Terra do Norte”
Miniatura de figurino para bailarina e bailarino do bailado “Terra de ninguém”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Três sonhos de pássaros”

 

Para além da tarefa da inventariação, o responsável por aquele depósito tinha ainda a função da gestão dos guarda-roupas. Esta implicava: o acondicionamento dos fatos por obra coreográfica; a sua identificação com uma etiqueta onde se registava o nome da obra, o coreógrafo e a temporada; a marcação de cada peça e acessórios com o nome do bailarino; a sua limpeza e a avaliação do estado de conservação; o registo de doações e empréstimos a entidades externas.

Por regra, o encarregado do depósito juntava-se à Companhia nas digressões, quer nacionais, quer no estrangeiro.

 

Miniatura de figurino para bailarino do bailado “Três sonhos de pássaros”
Miniatura de figurino para bailarina do bailado “Benção de Deus na solidão”
Amostras para figurino de bailarina do bailado “Benção de Deus na solidão”

 

Quando o Ballet Gulbenkian foi extinto, em 2005, a maior parte dos guarda-roupas e algumas peças soltas foram doadas aos respetivos figurinistas e a instituições ligadas às artes performativas, como o Chapitô, a Escola Superior de Cinema e Teatro, o Museu do Traje e o Guarda-roupa Maria Gonzaga. Porém, a Fundação reservou para si, para memória futura, alguns exemplares.

Agradecemos a Deodata Saião (encarregue de depósito adjacente ao guarda-roupa) e a Isabel Ayres (diretora de produção do Ballet Gulbenkian) pelas informações que contribuíram para a construção deste texto.

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