Uma descoberta na Coleção Moderna
Trinta e seis obras de Maria Antónia Siza, artista desconhecida e prematuramente desaparecida, estão atualmente em exposição na Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian.
Este conjunto, que inclui desenhos a tinta-da-China, guaches, bordados e alguns estudos, fazem parte de uma doação de mais de cem trabalhos, feita pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira à Fundação Calouste Gulbenkian.
Oriunda de uma família conservadora com uma forte educação religiosa, Maria Antónia Siza (Porto, 1940-1973) inscreve-se no curso de Pintura na Escola de Belas-Artes do Porto aos dezassete anos, o que lhe proporciona uma mudança de costumes, sobretudo pelo contacto com artistas como Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, Armando Alves, entre outros.
Durante a década de 1960, a artista produz ativamente numerosas obras que são agora vistas, pela primeira vez, na Fundação Calouste Gulbenkian.
O universo da sua obra, muito singular, ora mais expressionista, ora mais surrealista, representa figuras grotescas, provocadoras, perturbantes, contorcidas na cama ou no chão, deitadas, estorcidas, viradas do avesso. São seres de palco, coreografados em grupo, percorrendo, amontoados, a página de papel; por vezes, erguem-se isolados nos seus pensamentos, perdidos na folha em branco. De um traço único, de um movimento particular, cada personagem representa um encontro com a artista.
Durante a sua vida, só expôs os seus trabalhos, uma única vez, na Cooperativa Árvore, no Porto, em 1970.